No coração das ruas empoeiradas de Itaquera, um jovem menino chamado Marcos Evangelista de Morais começou a escrever sua história.
O destino, porém, já havia reservado para ele um lugar especial no futebol brasileiro e mundial.
Conhecido carinhosamente como Cafu, este garoto cresceu entre chutes improvisados de bola, desenhando sua trajetória em um terreno onde o sonho e a realidade se misturavam.
Conheça aqui no Esportelândia a história de vida, carreira, títulos, o reconhecimento mundial de Cafu, uma lenda do futebol.
História de Cafu
O início da carreira de um dos maiores nomes do futebol mundial, Cafu, foi marcado por uma história de persistência e superação.
Antes de se tornar uma lenda do esporte, ele enfrentou nove rejeições em peneiras de clubes até finalmente conseguir seu lugar no São Paulo, em 1989.
Nascido em Itaquera, São Paulo, Cafu cresceu com a paixão pelo futebol correndo em suas veias. Desde cedo, ele sonhava em seguir carreira no esporte, mas o caminho até lá foi cheio de obstáculos.
Ao tentar se destacar em diversas peneiras de clubes, enfrentou a desilusão de nove recusas, o que poderia ter desencorajado muitos.
No entanto, sua determinação e persistência não tinham limites. Apesar das rejeições, Cafu manteve o foco no seu objetivo.
Sua chance finalmente chegou quando o São Paulo abriu as portas para o jovem talentoso. Foi lá, em 1989, que ele começou a trilhar seu caminho rumo ao estrelato.
Cafu no São Paulo
Contrariando as expectativas, ele iniciou sua jornada no clube como atacante, ocupando quase a posição de ponta-direita.
Vestindo a camisa número 11 do Tricolor Paulista, ele protagonizou um desempenho excepcional durante a primeira final do Campeonato Paulista de 1992 contra o Palmeiras.
Nessa partida memorável, Cafu brilhou intensamente, marcando um gol e contribuindo com três assistências cruciais.
Seu desempenho irretocável foi fundamental para a vitória do São Paulo por 4-2, consolidando a conquista do título naquela ocasião.
Essa atuação estelar de Cafu não apenas mostrou sua versatilidade como jogador, mas também antecipou o brilho que ele traria em campo ao longo de sua carreira.
Ver essa foto no Instagram
A surpreendente transição de Cafu de atacante para uma posição na defesa, mais tarde como lateral-direito, tornou-se uma reviravolta marcante em sua carreira.
Esse começo notável no São Paulo não apenas evidenciou sua habilidade excepcional, mas também lançou as bases para uma jornada repleta de êxitos e conquistas memoráveis ao redor do mundo.
Passagem pela Europa e retorno ao Brasil
Em 1995, ele se transferiu para o Real Zaragoza, na Espanha, e conquistou a Recopa Europeia no mesmo ano, mostrando seu talento em terras europeias.
Sua passagem pelo Juventude, patrocinado pela Parmalat na época, foi breve em maio de 1995.
A intenção da Parmalat era integrá-lo ao Palmeiras, mas para evitar uma possível multa de aproximadamente US$ 3,6 milhões, imposta pelo São Paulo, Cafu jogou por um mês no time de Caxias do Sul, realizando dois jogos.
A Federação Internacional de Futebol (FIFA) foi acionada pelo São Paulo, e embora não tenha recebido o valor total da multa, o clube paulista obteve US$ 1 milhão pela quebra do contrato.
Ver essa foto no Instagram
Em junho de 1995, Cafu retornou ao Brasil, desta vez para jogar pelo Palmeiras até 1997, quando se transferiu para a Roma, na Itália.
Sua passagem pelo Palmeiras foi marcada por sua participação na campanha do título paulista de 1996, contribuindo para o clube alcançar a impressionante marca de 102 gols na competição, integrando um dos elencos mais marcantes da história do Palmeiras.
Recomeço pela Roma
Ver essa foto no Instagram
Cafu teve uma passagem significativa pela Roma durante sua carreira no futebol. Contratado em julho de 1997, o jogador brasileiro trouxe sua energia e talento para o time giallorosso. Seu desempenho ajudou a equipe a conquistar o scudetto em 2001, um marco memorável para o clube.
Sua contribuição não apenas reforçou a defesa da Roma, mas também o consolidou como um jogador influente na história do time italiano. Cafu deixou sua marca como um dos grandes laterais-direitos da época, antes de seguir para novos desafios em sua trajetória futebolística.
O desempenho excepcional de Cafu lhe rendeu o apelido de “Il Pendolino”, traduzido como “o trem expresso”, refletindo sua velocidade e impacto dentro de campo.
Após sua jornada na Roma, Cafu tomou a decisão de se mudar para Milão em 2003, recusando uma proposta do Yokohama F. Marinos.
Idolatria no Milan
A passagem de Cafu pelo Milan foi marcada por momentos de glória e conquistas significativas. Após sua chegada ao clube, Cafu teve um papel fundamental nas vitórias do Campeonato Italiano de 2004 e na Liga dos Campeões da UEFA em 2007.
O lendário lateral-direito contribuiu de forma consistente e impactante durante sua estadia no Milan, demonstrando seu talento e habilidade dentro de campo.
Ver essa foto no Instagram
Seu último jogo pelo clube rossonero contra a Udinese foi emblemático, não apenas por encerrar um ciclo, mas também por marcar seu último gol com a camisa do Milan.
Esses anos foram marcados não apenas por conquistas esportivas, mas também por Cafu deixar sua marca como um dos grandes jogadores na história do Milan, sendo lembrado como uma peça essencial nos momentos mais brilhantes do clube italiano.
Seleção Brasileira: o jogador que mais vestiu a amarelinha
Ver essa foto no Instagram
Cafu teve uma trajetória marcante pela Seleção Brasileira. Sua estreia na Copa do Mundo foi em 1994, substituindo Jorginho na final contra a Itália, onde o Brasil conquistou o título nos pênaltis.
Ele se tornou peça-chave na equipe, vencendo a Copa América em 1997 e 1999, e alcançando a final da Copa do Mundo de 1998, perdendo para a França.
Em 2002, após a lesão do capitão Emerson, Cafu assumiu a braçadeira e liderou o Brasil à vitória na Copa do Mundo, celebrando com uma homenagem emocionante à sua esposa e seu bairro de origem.
Com 142 jogos, Cafu é o jogador que mais vestiu a camisa da Seleção Brasileira e o único a disputar três finais de Copa consecutivas (1994, 1998 e 2002).
Sua participação em 20 jogos de Copa do Mundo e suas 16 vitórias o tornam um recordista indiscutível no cenário do futebol internacional.
Apesar de ter sido poupado na Copa América de 2004, Cafu participou da sua quarta Copa do Mundo em 2006, sendo o capitão da equipe aos 36 anos de idade, deixando um legado incomparável para o futebol brasileiro e mundial.
Títulos e prêmios individuais
Títulos
- São Paulo – 11 títulos
- Campeonato Paulista (1989/1991/1992)
- Campeonato Brasileiro (1991)
- Copa Libertadores da América (1992/1993)
- Mundial Interclubes (1992/1993)
- Recopa Sul-Americana (1993/1994)
- Supercopa da Libertadores (1993)
- Zaragoza – 1 título
- Recopa da UEFA (1995)
- Palmeiras – 1 título
- Campeonato Paulista (1996)
- Roma – 2 títulos
- Campeonato Italiano (2001)
- Supercopa da Itália (2001)
- Milan – 6 Títulos
- Supercopas da UEFA (2003/2007)
- Campeonato Italiano (2004)
- Supercopa da Itália (2004)
- Liga dos Campeões da UEFA (2007)
- Mundial de Clubes da FIFA (2007)
- Seleção Brasileira – 5
- Copa do Mundo (1994/2002)
- Copas América (1997/1999)
- Copa das Confederações (1997)
Prêmios
- Bola de Prata (Placar): 1992, 1993
- Seleção do Campeonato Brasileiro (Placar): 1992 e 1993
- Jogador Sul-Americano do Ano (El País): 1994
- Melhor lateral-direito das Américas (El País): 1992, 1993, 1994 e 1995
- Seleção das Américas (El País): 1992, 1993, 1994 e 1995
- Melhor lateral-direito da Europa (UEFA): 2004 e 2005
- Seleção da Europa (UEFA): 2004 e 2005
- Melhor lateral-direito do Mundo (FIFA): 2005
- Seleção do Mundo (FIFA): 2005
- Oficial suplementar da Ordem de Rio Branco (Luiz Inácio Lula da Silva; mérito desportivo): 2006
- Grã-Cruz da Ordem do Ipiranga (Geraldo Alckmin): 2017
- Bola de Ouro Dream Team: Melhor lateral direito da História
- IFFHS ALL TIME WORLD MEN'S DREAM TEAM
Melhores momentos de Cafu
Vida pessoal
Além de sua carreira no futebol, Cafu também teve uma vida familiar significativa. Ele é pai de dois filhos, Wellington de Morais e Danilo Feliciano de Moraes.
Infelizmente, em 2019, a família enfrentou uma perda devastadora com o falecimento de Danilo, o filho mais velho de Cafu, aos 30 anos, devido a um infarto fulminante.
Ver essa foto no Instagram
Cafu foi casado com Regina Feliciano de Moraes, mãe de seus dois filhos. A relação familiar sempre foi uma parte importante de sua vida, mesmo diante das exigências e do sucesso no mundo do futebol. Porém, em 2022 o casal anunciou a separação.
Além disso, Cafu se dedicou a vida toda à Fundação Cafu, uma instituição significativa em sua história. A fundação começou em um terreno baldio onde ele costumava jogar bola na infância, no Jardim Irene.
Em 2001, a prefeitura de São Paulo cedeu o terreno, permitindo que Cafu erguesse, com recursos próprios, toda a estrutura da instituição que leva seu nome. Entretanto, em 2019, a Fundação Cafu encerrou as suas atividades, pouco tempo após o ex-jogador perder o filho.
Legado de Cafu
Ver essa foto no Instagram
Cafu, um ícone do futebol mundial, deixou um legado marcante tanto dentro quanto fora dos campos. Sua habilidade excepcional como lateral-direito, aliada à sua liderança, o transformou em um dos jogadores mais influentes de sua geração.
Além de suas conquistas individuais e coletivas, Cafu é recordista em participações em Copas do Mundo, tendo disputado três finais consecutivas e erguido o troféu duas vezes, em 1994 e 2002. Sua dedicação, determinação e versatilidade foram essenciais para o sucesso da Seleção Brasileira.
Além disso, com a camisa amarelinha o jogador mantém-se no topo da lista como quem mais vestiu a camisa do Brasil com 142 jogos.