No dia 18 de junho é comemorado o Dia do Orgulho Autista, que celebra a vida de todas as pessoas que convivem com o transtorno e ainda relembra a importância da socialização. Nesse meio, estão inseridos os atletas com autismo no cenário esportivo.
De acordo a Organização das Nações Unidas (ONU), estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo têm autismo – equivalente a 2% da população mundial.
Pessoas com autismo podem ser diagnosticadas em qualquer etapa da vida. Um bom exemplo disto é o jogador da NBA Tony Snell. Diagnosticado aos 31 anos com o transtorno do espectro autista de A, Tony, que tem passagens por grandes equipes da liga norte-americana, é um dos principais apoiadores das paraolimpíadas.
Pensando em como o transtorno é algo presente na vida de milhares de pessoas ao redor do mundo, o Esportelandia traz alguns exemplos de atletas nos mais variados níveis do esporte que convivem com o diagnóstico e são referências no que fazem.
Os atletas com autismo e luta pela inclusão
Diego Vivaldo: campeão mundial e sul-americano de Jiu-Jitsu
O primeiro nome da lista dos atletas com autismo é o brasileiro Diego Vivaldo, um dos lutadores de jiu-jitsu mais conhecidos no Brasil. Campeão mundial, passou a vida driblando os sintomas e, aos 34 anos, foi diagnosticado.
Casado e com filho de um ano, Diego foi influenciado a procurar um psiquiatra devido às interações que tinha com membros de sua família e sua esposa, Barbara.
Em entrevista, o lutador afirmou que costumava ficar longe do barulho em reuniões, permanecendo em seu quarto. Foram as provocações amistosas de sua irmã que o intrigaram.
Assim, decidiu ir ao médico e recebeu o diagnóstico de Asperger. Professor e atleta de Jiu-jitsu, Diego espera mostrar ao filho que “nem todo mundo é 100% normal, e nem todo mundo é 100% anormal”, disse em declaração ao R7.
Jessica Jane Applegate: nadadora paraolímpica, com 38 medalhas
Um diagnóstico precoce da Síndrome de Asperger não desencorajou Jessica de seguir seu amor pela natação. Aos 13 anos, havia estabelecido vários recordes regionais e, poucos anos depois, ela foi selecionada para um programa de talentos esportivos do Reino Unido, estabelecendo o segundo recorde mundial mais rápido em seus 200 metros livres.
Foi a primeira atleta britânica da classificação com deficiência intelectual a ganhar o ouro nas Paraolimpíadas de 2012.
Jessica soma 11 medalhas de ouro, 17 medalhas de prata e 10 de bronze. Hoje, é detentora do melhor tempo nos 400 e 800 metros no estilo livre, 400 no medley individual e 4×100 no estilo misto, quando mulheres e homens separados em equipes revezam em tiros de 100 metros.
Clay Marzo: surfista que encontrou “refúgio” na água do mar
Clay, assim como várias atletas com autismo, teve um diagnóstico tardio. Aos 18 anos, após várias idas a médicos que diziam que o surfista possuía transtorno de déficit de atenção, dislexia e atraso mental, o diagnóstico final foi feito.
Desde então, Clay Marzo é uma inspiração no esporte. Aos 24 anos, nunca parou de surfar. Sua mãe confirma que, quando está na água, parece que Clay consegue ‘respirar' melhor.
No documentário “Clay Marzo: Just add Water”, produzido pela ESPN, sua mãe revela como funciona a relação entre o surfista e a água.
Fora da água ele não está confortável, até hoje. Na água, é como se ele pudesse respirar.
Jim Eisenreich: lenda do beisebol norte-americano
Jogadores aposentados não ficam fora da lista dos atletas com autismo. Jim Eisenreich, estrela da Major League Baseball (MLB) na década de 80, lidava desde cedo com os reflexos da Síndrome de Tourette.
Esse que é conhecido como um transtorno neuropsiquiátrico caracterizado por tiques, movimentos súbitos, repetitivos, rápidos e vocalizações, que dificultava o atleta em várias partidas.
A Síndrome de Tourette foi acompanhada por um diagnóstico de Aspenger, o que eventualmente levou a pausa na carreira como jogador em 1984.
No entanto, os medicamentos, combinados com a resiliência do jogador, resultaram no seu retorno no ano seguinte, ajudando a continuar uma carreira que perdurou por 15 anos.
Armani Williams: 1º piloto na história da NASCAR a ter o diagnóstico do espectro autista
Pilotando um Ford Mustang nas pistas da NASCAR para a JD Motorsport, a principal divisão do automobilismo nos Estados Unidos, Armani Williams é o 1º piloto na história da competição com o diagnóstico do espectro autista. Mas isto não é novidade para o atleta.
Armani foi diagnosticado como autista aos 2 anos e, como várias crianças que possuem o espectro, era não-verbal. Em entrevista à CNN, a mãe de Williams disse que o filho conseguia falar coisas simples, como “mãe” e “pai”, mas não dizia muito além disto.
Em adição às dificuldades do autismo, Armani mais tarde foi diagnosticado também com hiperfoco, uma das chaves para seu sucesso no automobilismo.
A paixão por carros surgiu após uma ida a pista de kart com seus pais e, conforme afirma o próprio piloto, assim que terminava uma corrida, queria ir de novo.
Eles teriam uma atração de kart, e depois que andamos por lá pela primeira vez, eu quis continuar praticando várias vezes, de novo e de novo e de novo.
Hoje, Williams é um dos destaques no mundo do automobilismo e se tornou palestrante motivacional sobre autismo, em um trabalho paralelo a sua carreira na NASCAR.
Ver essa foto no Instagram
Agora que você já conhece alguns atletas com autismo, aproveite para se aprofundar ainda mais no esporte com nossos outros conteúdos:
- Seleção da Geórgia de Futebol: história, títulos e recordes
- Inteligência Artificial crava os campeões da Fórmula 1 nos próximos 10 anos da categoria
- Prêmio eSports Brasil 2024 é anunciado: data, jogos, local e categorias
- Maior pontuador de Brasil x Holanda, Darlan revela seu ponto fraco: “Trabalho para melhorar”
- Jannik Sinner: história, prêmios e curiosidades
Marcelo Cartaxo é jornalista, redator e repórter no Esportelandia, um dos maiores sites olímpicos do Brasil. Com passagens por Futebol na Veia, Premier League Brasil, Minha Torcida, Quinto Quarto e ShaftScore, adquiriu experiências que hoje somam na equipe de redação do site.