Você já imaginou como seria entrar no mar e desafiar ondas que chegam a mais de 20 metros de altura? Veja agora tudo sobre o surf em ondas gigantes.
Conhecidos como big riders, esses surfistas se especializaram em encarar os riscos de pegar as maiores ondas do mundo, seja remando ou contando com a ajuda de jet-ski.
Para quem curte surf ou simplesmente para os curiosos de plantão, o mundo das big waves merece atenção especial. Aqui, nós vamos tirar todas as dúvidas sobre ele.
Fique com a gente para conhecer tudo sobre as ondas gigantes. Nós vamos desde como elas se formam, passando pelos principais picos do mundo, o Big Wave Awards, até os brasileiros especialistas na modalidade!
Como são formadas as ondas gigantes
A maioria das ondas, independentemente do tamanho, é formada pelo vento.
O vento bate na água e causa uma ondulação. Quanto mais veloz e durável for o vento, maior será a altura da onda.
No caso das ondas gigantes, se não houver qualquer obstáculo e elas não forem “detidas”, podem atravessar grandes distâncias e serem formadas por tempestades muito longe das praias.
Contudo, há alguns cenários que potencializam o surgimento de ondas gigantes. Regiões costeiras em que o fundo do mar é íngreme favorecem a formação de ondas. Isso é o que acontece, por exemplo, com o “canhão de Nazaré”, graças a cânion submerso na praia portuguesa.
Outro fator de formação das praias pode facilitar a formação de ondas gigantes. Em locais onde há falésias, elas funcionam como uma parede para a dissipação das ondas e, consequentemente, devolvem a água para o mar com mais energia. Assim, há o aumento do tamanho das ondas.
Quando esses fatores são combinados e há a colaboração do vento, as ondas gigantes são formadas, para a alegria dos surfistas especialistas em cair no mar com essas circunstâncias.
Um dos picos mais famosos de ondas gigantes do mundo atualmente é o já citado Nazaré, em Portugal. Confira, a seguir, quais são as praias ao redor do mundo em que elas são mais comuns!
Principais locais de ondas gigantes ao redor do mundo
- Nazaré, em Portugal
- Mavericks (Califórnia), nos Estados Unidos
- Jaws, no Havaí
- Cortes Bank (Califórnia), nos Estados Unidos
- Waimea, no Havaí
- Todos os Santos, no México
- Dungeons Beach, na África do Sul
- Teahupoo, no Taiti
Nazaré, em Portugal
Nazaré é, sem dúvidas, um dos principais locais de ondas gigantes do mundo. Afinal, foi lá que o brasileiro Rodrigo Koxa e o norte-americano Garrett McNamara pegaram as maiores ondas já registradas na história.
Em 2011, McNamara atingiu o recorde com 23,8 metros. Seis anos depois, Koxa estabeleceu a nova marca, com 24,4 metros.
Foi em Nazaré também que Maya Gabeira registrou o recorde de maior onda da história do surf feminino. Em 11 de fevereiro de 2020, a brasileira surfou uma onda de 23,5 metros de altura.
Mavericks (Califórnia), nos Estados Unidos
Mavericks é um pico conhecido por ter o mar escuro, a água fria e o fundo cheio de cavernas rochosas, atrativo para tubarões brancos. Essa descrição pode parecer desanimadora, mas lá é outro local marcante para os surfistas de ondas gigantes.
A elevação abrupta do fundo de pedra gera ondas de mais de 20 metros de altura.
Em 2001, o brasileiro Carlos Burle entrou para o Guinness Book, o Livro dos Recordes, ao surfar a maior onda do mundo até então, em Mavericks, na Califórnia. A onda tinha 68 pés (aproximadamente 22 metros).
Jaws, no Havaí
Jaws é o destino havaiano preferido dos big riders. Suas gigantescas ondas são surfáveis apenas com o tow in e o reboque de jet ski.
Na realidade, Jaws (mandíbulas, em português) foi o nome dado à onda de Pe'ahi, na costa norte da ilha de Maui, no estado americano do Havaí.
Alguns dos prêmio dados pela WSL no Big Wave Awards são destinados a surfistas que pegam ondas gigantes em Jaws.
Cortes Bank (Califórnia), nos Estados Unidos
Cortes Bank se destacou entre os destinos de big riders a partir do início deste século. Em 2002, o norte-americano Mike Parsons surfou uma onda de 20 metros no recife a 170km da costa.
Por aquela onda, Parsons recebeu uma premiação de US$ 66 mil.
Waimea, no Havaí
Waimea é uma praia da ilha de Oahu. Era um dos principais destinos de bir riders, até Jaws e Mavericks receberem mais atenção dos surfistas de ondas gigantes.
Em Waimea, é disputado o “Eddie Aikau Invitational”, mais antigo e tradicional campeonato de ondas gigantes do mundo.
Todos os Santos, no México
Todos os Santos é um pico caracterizado pela mesma formação de ondas gigantes do Havaí. Porém, a praia mexicana tem o perigo de contar com pedras que se desprendem do fundo rochoso e podem atingir os surfistas.
Foi em Todos os Santos que Carlos Burle conquistou a primeira edição do Mundial de Ondas Gigantes na remada.
Dungeons Beach, na África do Sul
Dungeons Beach é uma praia de surf na África do Sul acessível apenas por um passeio de barco de 15 minutos em Hout Bay Harbor.
A praia sul-africana é o local do Red Bull Big Wave Africa, que ocorre anualmente no inverno, com os principais candidatos nacionais e internacionais do mundo surfando apenas por convite.
Teahupoo, no Taiti
Teahupoo, no Taiti, é conhecido como um dos locais mais temidos pelos surfistas em todo o mundo.
Na maior ilha da Polinésia Francesa, já morreram cinco surfistas, vítimas das ondas gigantes formadas entre o Círculo Polar Antártico e o sul da Austrália e da Nova Zelândia.
Com formação de origem vulcânica e sedimentada por corais, a ilha tem ondas que não perdem energia antes de quebrarem sobre a bancada de coral. É esse cenário que torna Teahupoo tão perigosa.
Agora que você já conhece os principais locais de ondas gigantes do mundo, confira quais foram as maiores ondas já surfadas em toda a história!
Maiores ondas surfadas na história
Você sabe qual foi a maior onda do mundo?
A maior onda já surfada em toda a história atingiu 80 pés, o equivalente a 24,4 metros de altura. O recorde mundial de ondas gigantes pertence ao brasileiro Rodrigo Koxa, que pegou essa onda em Nazaré, em Portugal, no dia 8 de novembro de 2017.
Com a onda gigante em Nazaré, Koxa conquistou o Quiksilver XXL Biggest Wave, prêmio concedido pela World Surf League (WSL), e ainda entrou para o Guinness Book, o livro dos recordes.
O brasileiro quebrou o recorde de maior onda gigante que pertencia a Garrett McNamara. O norte-americano havia alcançado uma onda de 78 pés em 2011, também em Nazaré.
No surf feminino, o recorde pertence à brasileira Maya Gabeira, com uma onda de 23,5 metros (73,5 pés) em 11 de fevereiro de 2020. O local? Também Nazaré, em Portugal.
Recordes de ondas gigantes
- Rodrigo Koxa: 80 pés ou 24,4 metros, em Nazaré (Portugal), em 8 de novembro de 2017
- Garrett McNamara: 78 pés ou 24 metros, em Nazaré (Portugal), em novembro de 2011
- Maya Gabeira: 73,5 pés ou 23,5 metros, em Nazaré (Portugal), em 11 de fevereiro de 2020
Campeonatos de Surf de Ondas Gigantes
O principal campeonato de ondas gigantes do mundo é o Big Wave Awards. Concedida pela World Surf League (WSL), essa premiação foi criada em 2000, para reconhecer o surfista que pegou a maior onda do ano.
Em 2019, o Big Wave Awards passou a ter 8 categorias, premiando homens e mulheres. A WSL distribui um total de US$ 350 mil.
Entenda, a seguir, como funciona o campeonato de ondas gigantes!
Quem disputa o Big Wave Awards
O Big Wave Awards é aberto a todos os surfistas qualificados em todas as ondas disputadas em qualquer lugar do mundo no intervalo de um ano (entre março de um ano e o mesmo mês do ano seguinte).
As regras determinam que vídeos e fotos devem ser enviados ao BWA em até 10 dias de cada onda.
São avaliadas as maiores, e as melhores ondas são publicadas no site do evento.
Os indicados em oito categorias são anunciados no início de abril e os vencedores são revelados em uma cerimônia de gala no início de maio de cada ano.
Quem são os juízes do Big Wave Awards
O campeonato de ondas gigantes tem três painéis.
Um pequeno grupo de especialistas em análise de fotografia de surf profissional e experientes surfistas veteranos de ondas gigantes avaliam as ondas mais altas nas categorias objetivas, incluindo o Paddle Award e o XXL Biggest Wave Award para homens e mulheres.
As outras categorias subjetivas, como Ride of the year e Wipeout of the year, são decididas por uma academia de membros da comunidade das ondas gigantes, incluindo todos os competidores, fotógrafos e videógrafos e membros do Big Wave Award, além de profissionais de mídia que cobrem o surf em ondas gigantes.
O prêmio de Overall Performance é julgado por um painel de 25 especialistas, incluindo campeões do passado.
Como são julgadas as ondas gigantes
O Big Wave Awards usa técnicas que estimam a altura da onda em relação à altura conhecida do surfista, considerando a distorção causada pelo ângulo da foto e o tamanho da lente.
A WSL recomenda aos juízes das categorias subjetivas e de performance que considerem o desempenho sustentado durante toda a onda — incluindo a qualidade geral e a quantidade de manobras ou posições críticas alcançadas — e que avaliem a habilidade do surfista em uma situação desafiadora acima da média.
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Categorias do Big Wave Awards
Ride of the year
O prêmio é concedido ao surfista individual, de qualquer sexo, que demonstre o nível mais avançado ao surfar ondas gigantes, conforme julgado pelas imagens de vídeo disponíveis.
- Primeiro Lugar: US$ 75.000;
- Segundo Lugar: US$ 20.000;
- Terceiro Lugar: US$ 15.000;
- Quarto lugar: US$ 10.000;
- Quinto Lugar: US$ 5.000;
- Cinegrafista do Primeiro Lugar: US$ 6.000;
- Cinegrafista do Segundo Lugar: US$ 2.500;
- Videógrafo do terceiro lugar: US$ 2.000;
- Cinegrafista do quarto lugar: US$ 1.500;
- Cinegrafista do Quinto Lugar: US$ 1.000.
Men's Paddle Award
O prêmio é concedido ao surfista que rema e surfa com sucesso a maior onda do ano.
- Prêmio Surfista: US$ 25.000;
- Prêmio Fotógrafo: US$ 5.000.
Cada um dos outros quatro surfistas finalistas recebe uma premiação de US$ 1.500. Os quatro indicados a cinegrafistas vencedores recebem US$ 750 cada.
Men's XXL Biggest Wave Award
O prêmio de Biggest Wave, como o próprio nome indica, é concedido ao surfista que, por qualquer meio disponível, surfa com sucesso a maior onda do ano.
- Prêmio Surfista: US$ 25.000;
- Prêmio Fotógrafo: US$ 5.000.
Cada um dos outros quatro surfistas finalistas recebe uma premiação de US$ 1.500. Os quatro indicados a cinegrafistas vencedores recebem US$ 750 cada.
Men's Best Overall Performance Award
O prêmio é concedido ao surfista do sexo masculino que não apenas apresenta o maior número de performances de destaque no número mais diversificado de locais, como também demonstra um alto nível de excelência em segurança na água.
As disciplinas de remo e reboque (paddle-in e tow-in) são consideradas.
Os melhores surfistas recebem convites para o WSL Big Wave Tour.
- Primeiro Lugar: US$ 12.000;
- Segundo lugar: US$ 6.000;
- Terceiro Lugar: US$ 3.000;
- Quarto lugar: US$ 1.500;
- Quinto ao décimo lugar: US$ 1.000.
Women's Paddle World Record
É o prêmio concedido à surfista que rema na maior onda do ano.
- Prêmio Surfista: US$ 25.000;
- Prêmio Fotógrafo: US$ 5.000.
Cada uma das outras duas surfistas finalistas recebe uma premiação de US$ 1.000.
Os quatro indicados a cinegrafistas vencedores recebem US$ 750 cada.
Women's XXL Biggest Wave Award
O prêmio é concedido à surfista que, por qualquer meio disponível, surfa com sucesso a maior onda do ano.
- Prêmio Surfista: US$ 25.000;
- Prêmio Fotógrafo: US$ 5.000.
Cada uma das outras duas surfistas finalistas recebe uma premiação de US$ 1.500.
Os quatro indicados a cinegrafistas vencedores recebem US$ 750 cada.
Hydro Flask Women's Overall Performance Award
Concedido à surfista que, além de apresentar o maior número de performances de destaque nos mais diversos locais, também demonstra um alto nível de excelência em segurança na água.
As disciplinas de remo e reboque (paddle-in e tow-in) são consideradas.
- Primeiro Lugar: US$ 12.000;
- Segundo lugar: US$ 6.000;
- Terceiro Lugar: US$ 3.000;
- Quarto lugar: US$ 1.500;
- Quinto lugar: US$ 1.000.
Prêmio Wipeout do Ano
Prêmio concedido para homenagear a melhor onda que não foi bem-sucedida da janela do evento. Esse título está aberto a surfistas de todos os sexos.
- Primeiro Lugar: US$ 3.000
Cada um dos outros quatro surfistas finalistas recebe uma premiação de US$ 1.000. Cinegrafista do Primeiro Lugar levam US$ 3.000, enquanto do segundo ao quinto recebem US$ 750.
Entre os indicados recentes ao Big Wave Awards, da WSL, estão alguns representantes brasileiros. Confira, a seguir, em são os principais nomes do país em ondas gigantes!
Principais brasileiros no surf de ondas gigantes
- Carlos Burle
- Maya Gabeira
- Rodrigo Koxa
- Lucas “Chumbo” Chianca
- Pedro Calado
- Andrea Moller
- Raquel Heckert
- Silvia Nabuco
Carlos Burle
Carlos Burle é reconhecido internacionalmente na comunidade do surf por seus feitos históricos e contribuições para o esporte. Junto de Laird Hamilton, Buzzy Kerbox, Dave Kalama e outros nomes, foi pioneiro na modalidade tow-in surfing.
Burle é bicampeão mundial de ondas grandes, dentre outros títulos de grande expressão. Em 2001, entrou para o Guinness Book, o Livro dos Recordes, ao surfar a maior onda do mundo até então, em Mavericks, na Califórnia.
Maya Gabeira
Maya Gabeira é uma das maiores especialistas em ondas gigantes do mundo na atualidade. Ela é pentacampeã do Billabong XXL, o maior prêmio de ondas grandes do esporte.
Em 2018, ela entrou para o Guinness, com a maior onda surfada por uma mulher, com mais de 20 metros em Nazaré (Portugal).
Em 2020, Maya quebrou o próprio recorde ao surfar uma onda de 23,5 metros, também em Nazaré.
Maya ainda tem no currículo uma indicação ao prêmio Laureus, considerado o Oscar do esporte.
Rodrigo Koxa
Rodrigo Koxa é o detentor do recorde de maior onda surfada em toda a história.
Em 2017, ele surfou uma onda de 24,4 metros em Nazaré, quebrando o recorde que pertencia a Garrett McNamara.
Lucas “Chumbo” Chianca
Treinado por Carlos Burle, Lucas Chianca, também conhecido como Chumbo, foi campeão do Nazaré Challenge 2017 WSL Big Wave Tour.
No currículo, ele tem também um prêmio de Melhor Performance no Big Wave Awards, além de um indicação ao prêmio Wipeout do BWA.
Pedro Calado
Pedro Calado começou a surfar aos 8 anos e tem se destacado no surf de ondas gigantes.
O carioca foi vice-campeão mundial de ondas grandes da temporada 2016. Ele esteve também entre os indicados do Big Wave Awards na categoria maior onda remada.
Andrea Moller
Andrea Moller se tornou uma das principais surfistas de ondas gigantes dos últimos anos. Primeira mulher a remar em Jaws, ela tem no currículo prêmios importantes e recordes.
Em 2016, Andrea venceu o prêmio de Melhor Performance do Big Wave Awards. Já em 2019, ela levou o Women's Paddle Award World Record, por uma onda surfada em Jaws.
Raquel Heckert
Raquel Heckert é outra brasileira com bons resultados recentes entre big riders.
Em 2018, ela ficou em 9º lugar do ranking feminino da WSL para ondas gigantes.
Silvia Nabuco
Silvia Nabuco surfa ondas gigantes desde 2002.
Ex-campeã brasileira de windsurf, ela tem indicações ao Big Wave Awards no currículo.
Com o sucesso de tantos brasileiros e brasileiras no mundo das ondas gigantes, certamente, veremos mais big riders representando o país nos próximos anos.
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Gustavo Andrade é jornalista, com MBAs em Comunicação e Marketing Digital e Gestão de Negócios. Foi repórter do UOL Esporte e do Superesportes, portal dos Diários Associados. Cobriu a Copa das Confederações de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Fanático por esportes, acredita que informação é fundamental até para um bom debate de boteco!