A década de ouro do Brasil no surf trouxe um dos períodos mais dominantes de um país em uma modalidade específica.
No fim de 2024, a primeira conquista de um título mundial de um brasileiro completa 10 anos. No dia 19 de dezembro de 2014, Gabriel Medina deu início à era mais vitoriosa do país na história no esporte.
A tempestade veio para ficar e nesse texto comemorativo especial, o Esportelândia vai te contar a história dominante do Brasil nos últimos anos do circuito mundial.
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Gabriel Medina abre a década de ouro do Brasil no surf
Sim, nosso país já tinha muita história e outros grandes surfistas antes do primeiro título mundial de Gabriel Medina. Pepê Lopes, Jacqueline Silva, Daniel Fredman, Victor Ribas, Neco e Teco Padaratz foram os atletas que abriram o caminho e prepararam o caminho para a geração da década de ouro do Brasil no surf.
Porém, antes de Medina vencer seu primeiro título, o melhor resultado de um atleta brasileiro ao final de uma temporada era de Victor Ribas, que terminou como terceiro do mundo em 1999.
De fato, o título de Gabriel em 2014 abriu o caminho para os atletas acreditarem que era possível. Em sua trajetória, o brasileiro venceu três eventos e precisou superar nomes lendários do esporte como Joel Parkinson, Mick Fanning e Kelly Slater.
Medina foi campeão e deu início a uma geração dominante que contou ainda com mais três atletas que chegaram ao topo do mundo do surf. Para se ter noção, antes de 2014, o Brasil já havia vencido 29 eventos desde o começo do circuito.
Contando a partir de 2014, o Brasil conquistou 52 eventos, com Medina sendo o atleta que mais contribuiu para essa lista com 14 conquistas. Vale dizer que o paulista já venceu 16 etapas, porém, dois deles foram ainda em 2011, quando era novato.
O trabalhador Adriano de Souza faz história
Após o título de Medina em 2014, a década de ouro do Brasil no surf contou com o título do surfista mais guerreiro e esforçado do circuito mundial, Adriano de Souza, o Mineirinho.
De fato, Adriano nunca foi o mais rápido, forte ou habilidoso. Porém, o paulista tinha como característica nunca desistir e era um dos atletas que mais treinava. Além disso, Mineirinho tinha uma mentalidade extremamente focada e era pedra no sapato de Kelly Slater.
Mais velho que Medina, Adriano viu o jovem de 20 anos “furar a fila” e se tornar o primeiro campeão mundial do Brasil. Dessa forma, Mineirinho se viu determinado a buscar a taça em 2015.
Adriano de Souza fez uma temporada praticamente impecável, quatro finais e dois títulos. O primeiro deles ocorreu em Margaret River, já o segundo ocorreu na última e mais importante etapa de 2015.
Mineirinho venceu o PipeMasters diante de Gabriel Medina em uma final histórica no Havaí. O título de Adriano e a final 100% brasileira mostraram que a tempestade era forte. Vale dizer também que Medina terminou o evento com o troféu da conceituada tríplice coroa havaiana.
John John Florence o intruso na década de ouro do Brasil
Se teve alguém que conseguiu bater de frente com os brasileiros, esse cara foi o havaiano John John Florence. O surfista foi campeão mundial em duas temporadas consecutivas, 2016 e 2017.
Durante seus dois títulos, os brasileiros seguiram disputando o título, principalmente Gabriel Medina, que criou uma grande rivalidade com o havaiano.
Em 2016, Medina terminou como terceiro melhor do mundo. Já em 2017, foi vice-campeão mundial.
Medina e Italo colocam o Brasil de volta ao topo
Na temporada de 2018, Gabriel Medina voltou determinado a reconquistar seu posto como melhor surfista do mundo. De fato, o brasileiro começou o ano com resultados medianos, o padrão Medina.
A temporada contou com duas vitórias de Italo Ferreira logo nas quatro primeiras etapas. O potiguar despontou como um dos favoritos ao título. No entanto, viu Medina fazer um final de circuito arrasador, vencendo três eventos e somando mais duas semifinais nos últimos cinco campeonatos de 2018.
De quebra, Gabriel se tornou bicampeão mundial vencendo o Pipemasters, realizando um de seus maiores sonhos na década de ouro do Brasil no surf.
Italo muda o jogo com seu título mundial
Uma das maiores batalhas aconteceu pelo título mundial de 2019. Se na temporada anterior Italo Ferreira perdeu força na disputa, no ano seguinte o Brabo veio com tudo para levar o troféu.
Foram três títulos, sendo dois deles nas últimas etapas de 2019. Podemos incluir nisso a batalha épica de bateria após bateria contra Gabriel Medina no Pipemasters. Ambos chegaram ao evento com chances de título.
Conforme cada um avançava de round, a pressão aumentava para o outro. Até que, ambos se encontraram na final da decisão. Uma disputa que marcou história na década de ouro do Brasil no surf, valendo o título do Pipemasters e também da temporada.
Italo venceu Gabriel em um evento que foi recorde de audiência para a WSL e fez a organização mudar o formato para o Finals no ano de 2021.
Italo faz história e Medina volta ao topo na década de ouro do Brasil no surf
Pulamos 2020 a pandemia cancelou a temporada e assim, Italo Ferreira e Gabriel Medina foram os classificados do Brasil para a primeira edição do surf nos Jogos Olímpicos.
Em Tóquio 2021, Medina acabou derrotado em uma bateria polêmica na semifinal para Kanoa Igarashi. Por outro lado, Italo Ferreira bateu Owen Wright e assim chegou à decisão para representar o Brasil.
Na decisão, Italo não deu chances ao japonês e conquistou a primeira medalha de ouro da história do surf.
Medina conquista o mundo pela terceira vez
Se nas Olimpíadas as coisas não deram certo, no circuito mundial Gabriel Medina foi soberano e realizou uma das temporadas mais dominantes do tour. Em sete eventos, chegou à final em quatro e venceu dois.
Dessa forma, se classificou ao primeiro WSL Finals da história e derrotou Filipe Toledo em mais uma final brasileira. Dessa forma, Gabriel Medina se igualou a seus dois grandes ídolos: Mick Fanning e Ayrton Senna, e tornou-se o grande campeão da década de ouro do Brasil no surf.
A era Filipe Toledo na década de ouro do Brasil no surf
Filipe Toledo sempre venceu eventos, mas faltava alguma coisa para chegar ao título mundial. O paulista bateu na trave em vários momentos e chegou em 2022 determinado a finalmente chegar ao topo.
Durante a temporada, foram cinco eventos e dois títulos e assim chegou ao WSL Finals como lycra amarela e grande favorito. Na bateria pelo troféu, a terceira decisão brasileira consecutiva, com Toledo batalhando contra Italo.
A final foi equilibrada e emocionante, mas Filipe estava mais focado do que nunca e mostrou força para superar Italo e conquistar seu primeiro título mundial na década de ouro do Brasil no surf.
Se em 2022 a pressão pelo título chegou ao auge, em 2023, Filipe entrou sem um peso nas costas. O brasileiro fez uma temporada dominante e venceu três eventos. No Finals, o padrão de decisão entre surfistas do Brasil e Toledo duelou contra Ethan Ewing.
Ewing lutou pelo título com seu surf estiloso. Porém, Toledo esbanjou poder em suas manobras e mais uma vez se mostrou extremamente focado em sua missão para se tornar o primeiro bicampeão mundial consecutivo da história do país e fechar a década de ouro do Brasil no surf.
Medina e Tati garantem medalhas em Paris 2024
Contando de 2014 até 2023, a década de ouro do Brasil no surf se encerrou na última temporada. No entanto, não tem como deixar de fora essa conquista tão importante de Gabriel Medina e Tatiana Weston-Webb.
Medina repetiu o cenário de 2021 e acabou perdendo na semifinal. No entanto, dessa vez acabou sofrendo com a falta de ondas diante de Jack Robinson. Já na decisão pelo terceiro lugar, o tricampeão mundial venceu Alonso Correa, do Peru, e levou o bronze para casa.
Enquanto isso, Tatiana Weston-Webb conseguiu chegar até a decisão em Teahupo'o e acabou perdendo de forma contestável em uma bateria totalmente subjetiva para a americana Caroline Marks.
Porém, Tati garantiu sua primeira medalha olímpica na história com a prata.
Números de vitórias da Brazilian Storm desde 2014
No total, 22 surfistas brasileiros já venceram eventos no circuito mundial, 10 deles a partir de 2014.
Além disso, o país já venceu 79 etapas desde o início do circuito mundial. Porém, 54 desses títulos foram a partir de 2014 na década de ouro do Brasil no surf.
Confira todos os atletas do Brasil que já venceram uma etapa desde o início do tour.
- Gabriel Medina – 17 títulos;
- Filipe Toledo – 16 títulos;
- Italo Ferreira – 9 títulos;
- Adriano de Souza – 7 títulos;
- Tatiana Weston-Webb, Silvana Lima e Fábio Gouveia – 4 títulos;
- Flávio Padaratz, Neco Padaratz e Jacqueline Silva – 2 títulos;
- Pepê Lopes, Daniel Friedman, Ricardo Tatuí, Victor Ribas, Peterson Rosa, Andrea Lopes, Bruno Santos, Jadson André, William Cardoso, Miguel Pupo, João Chianca, Yago Dora – 1 título.
Todos os títulos dos surfistas brasileiros desde 2014
Desde o início de 2014 até 2023. A década de ouro do Brasil no surf contou com 93 eventos na categoria masculina e os brasileiros venceram um número impressionante de 45 campeonatos, praticamente a metade das etapas entre os homens.
Confira todos os eventos que os brasileiros venceram de 2014 até 2023.
- Gabriel Medina – Gold Coast (2014);
- Gabriel Medina – Fiji (2014);
- Gabriel Medina – Teahupo'o (2014);
- Filipe Toledo – Gold Coast (2015);
- Adriano de Souza – Margaret River (2015);
- Filipe Toledo – Rio Pro (2015);
- Gabriel Medina – Hossegor (2015);
- Filipe Toledo – Peniche (2015);
- Adriano De Souza – Pipemasters (2015);
- Gabriel Medina – Fiji (2016);
- Tatiana Weston-Webb – US Open (2016);
- Adriano de Souza – Rio Pro (2017);
- Filipe Toledo – Jeffreys Bay (2017);
- Filipe Toledo – Trestles (2017);
- Silvana Lima – Trestles (2017);
- Gabriel Medina – Hossegor (2017);
- Gabriel Medina – Peniche (2017);
- Italo Ferreira – Bells Beach (2018);
- Filipe Toledo – Rio Pro (2018);
- Italo Ferreira – Bali (2018);
- William Cardoso – Margaret River/Uluwatu (2018);
- Filipe Toledo – Jeffreys Bay (2018);
- Gabriel Medina – Teahupo’o (2018);
- Gabriel Medina – Surf Ranch (2018);
- Italo Ferreira – Peniche (2018);
- Gabriel Medina – Pipemasters (2018);
- Italo Ferreira – Gold Coast (2019);
- Filipe Toledo – Rio Pro (2019);
- Gabriel Medina – Jeffreys Bay (2019);
- Gabriel Medina – Surf Ranch (2019);
- Italo Ferreira – Peniche (2019);
- Italo Ferreira – Pipemasters (2019);
- Italo Ferreira – Newcastle Cup (2021);
- Gabriel Medina – Narrabeen (2021);
- Filipe Toledo – Margaret River (2021);
- Tatiana Weston-Webb – Margaret River (2021);
- Gabriel Medina – Rottnest Island (2021);
- Filipe Toledo – Surf Ranch (2021);
- Tatiana Weston-Webb – Peniche (2022);
- Filipe Toledo – Bells Beach (2022);
- Tatiana Weston-Webb – Jeffreys Bay (2022);
- Filipe Toledo – Rio Pro (2022);
- Miguel Pupo – Teahupo’o (2022);
- Filipe Toledo – Sunset (2023);
- João Chianca – Peniche (2023);
- Gabriel Medina – Margaret River (2023);
- Filipe Toledo – El Salvador (2023);
- Yago Dora – Rio Pro – (2023);
- Filipe Toledo – Jeffreys Bay (2023).
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Editor no Esportelândia. Criador e administrador da página Surf News Brasil, uma das maiores referências de informação sobre Surf no Brasil. Passagens por PL Brasil e Quinto Quarto. Está no Esportelândia desde 2022.