O rugby em cadeira de rodas surgiu no Canadá na década de 1970 e, desde então, se espalhou pelo mundo, tornando-se uma das principais opções competitivas para tetraplégicos e pessoas com grandes limitações motoras.
E engana-se quem pensa que o esporte é delicado. Na verdade, ele é um dos mais intensos e dinâmicos entre os esportes paralímpicos.
Ficou curioso? Então confira a seguir tudo sobre o rugby em cadeira de rodas, desde as regras e os participantes até a dinâmica do jogo e os esportes que o inspiraram.
O rugby em cadeira de rodas
O rugby em cadeira de rodas surgiu 1970 como nos anos uma alternativa ao já na época popularíssimo basquete para cadeirantes. Isso porque o esporte da bola laranja não conseguia incluir atletas com lesões de maior comprometimento motor, especialmente dos braços.
Assim, é criado no Canadá o rugby para cadeirantes, que passa a ser o rugby paralímpico em 1996, quando estreia como esporte de exibição nos Jogos de Atlanta. Na edição de 2000, em Sidney, torna-se uma modalidade oficial.
O rugby em cadeira de rodas só foi chegar ao Brasil em 2008, visando a Paraolimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, justamente a edição que o país estreia nos jogos, ainda que encerrando sua participação sem vitórias e na oitava colocação.
Regras do rugby em cadeira de rodas
Parte do sucesso do rugby em cadeira de rodas está no dinamismo de seu jogo. É que ele combina elementos de três esportes de sucesso, o basquete, o vôlei, e, claro, o rugby. É curiosamente deste primeiro que vem a grande base do jogo.
O basquete “fornece” a quadra, a divisão temporal e até algumas dinâmicas nas regras de falta. A quadra, por exemplo, tem 28 metros de comprimento por 15 de largura, igual às regulamentadas pela FIBA.
O tempo é também dividido em quatro períodos, só que de oito minutos cada. Os primeiro e terceiro intervalos tem 2 minutos de duração, enquanto o segundo é maior, durando cinco minutos.
Mas o elemento do basquete mais preponderante no rugby em cadeira de rodas é o tempo de ataque. Cada equipe tem exatos 40 segundos para marcar um gol — e é aí que entra o grande elemento do rugby.
A herança do rugby
O objetivo do jogo é marcar mais gols que o adversário, que são feitos de maneira muito similar a um try.
Nas linhas de largura ao fim da quadra são delimitadas linhas centrais de oito metros, as linhas do gol. Se um jogador ultrapassa essa linha no campo do adversário com duas rodas — entre as duas pequenas dianteiras e as duas grandes laterais — e a posse de bola, ele marca um gol.
Agora, uma diferença enorme entre o rugy e o rugby para cadeirantes é que neste é permitido passar a bola para frente e em qualquer outras direção. A bola, aliás, é o elemento “emprestado” do vôlei, sendo leve, redonda e macia, enfim, similar à do esporte dos cortes e levantamentos.
As faltas no rugby paralímpico
No rugby em cadeira de rodas, as faltas têm regras que misturam elementos do rugby e do basquete. Do rugby, vem a questão dos contatos e da ética.
Embora seja um esporte de contato, não são permitidos choques físicos diretos. Os contatos são limitados a batidas entre as cadeiras de rodas, que são projetadas para suportar melhor quedas e impactos.
No entanto, não é permitido bater no eixo traseiro das rodas. Se isso acontecer, a equipe do jogador que sofreu o contato ilegal ganha a posse da bola. Se o lance fosse claramente uma chance de gol, a equipe recebe o ponto.
Do basquete, o rugby em cadeira de rodas pega regras sobre o relógio e a área-chave. O relógio funciona assim: se uma equipe não marcar um gol em 40 segundos, a posse da bola vai para o time adversário.
Além disso, um jogador pode manter a bola por no máximo 10 segundos sem quicá-la. Se ele não quicar, precisa passar a bola ou devolver a posse ao oponente.
A área-chave tem duas regras principais: no ataque, um jogador só pode ficar nela por até 10 segundos, e na defesa, apenas três jogadores podem estar dentro dela. Se um quarto defensor entrar, é marcada uma falta automática.
Os jogadores de rugby para cadeirantes
No rugby em cadeira de rodas, cada equipe tem quatro jogadores e pode contar com até oito reservas para fazer substituições durante o jogo.
Como acontece com outros esportes paralímpicos, os atletas passam por uma avaliação que classifica o tipo e a gravidade das lesões e limitações motoras.
Cada atleta recebe uma pontuação com base nessa avaliação, e a soma total das pontuações dos jogadores em quadra não pode ultrapassar oito.
O sistema de classificação no rugby em cadeira de rodas
No rugby em cadeira de rodas são permitidos atletas tetraplégicos, com lesões motoras similares e/ou com pelo menos três membros comprometidos, como amputados superiores, amputados inferiores e lesionados devido à poliomielite ou danos medulares.
Antes de entrarem oficialmente no esporte, são submetidos a testes musculares, motores e de tronco. Como resultado destes testes, os jogadores são graduados entre sete níveis: 0.5, 1.0, 1.5, 2.0, 2.5, 3.0, 3.5. Nestes, quanto maior o número, menor é o grau de comprometimento.
No rugby em cadeira de rodas, é comum que jogadores com pontuações mais baixas — entre 2.5 e 2.0 para baixo — sejam defensores. Aqueles com maiores números são normalmente atacantes.
Mas a inclusão não para por aí. Neste esporte, não há divisão por gênero, podendo as equipes serem formadas tanto por mulheres quanto por homens. Quando há mulheres em quadra, a soma das pontuações pode subir 0.5 ponto por atleta.
Brasil no rugby
O rugby em cadeira de rodas é administrado no Brasil pela Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas (ABRC), que tem desempenhado um papel crucial no desenvolvimento do esporte no país.
A Seleção Brasileira fez sua estreia em Jogos Paralímpicos na edição de 2016, no Rio de Janeiro, um marco importante para o crescimento da modalidade em território nacional.
Desde então, a equipe tem trabalhado para se estabelecer no cenário internacional, enfrentando desafios e buscando se posicionar entre as melhores seleções do mundo.
Com a proximidade dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, as expectativas em torno do rugby em cadeira de rodas estão crescendo. Porém, infelizmente, o Brasil ficou de fora da lista de equipes de Paris 2024.
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Jornalista e formado em análise de desempenho (Futebol). Comentarista das rádios Bate Fundo Esportivo e Web MF. Passou por FNV Sports, PL Brasil, Strikers, OFutebolero e Futebol na Veia. Está no Esportelândia desde 2023. Apaixonado por grandes histórias.