O judô, uma das artes marciais mais populares do mundo, conta com milhões de praticantes e admiradores, especialmente no Brasil.

Desde 1984, os judocas brasileiros têm garantido lugar no pódio em todas as edições dos Jogos Olímpicos, sendo tido como uma das potências na modalidade. Essa tradição é fruto de uma história que acompanha o judô desde sua introdução no cenário olímpico.

Enquanto aguardamos as próximas vitórias brasileiras, é essencial conhecer a fundo a história da modalidade, suas regras e os detalhes que envolvem cada combate.

Jigoro Kano foi o criador do Judô, no fim do século 19, no Japão
Jigoro Kano foi o criador do Judô, no fim do século 19, no Japão

História do Judô

Você sabia que o termo “judô” significa “caminho suave”? Essa arte marcial, criada no Japão no final do século 19, se tornou uma das mais populares no Brasil.

O esporte foi desenvolvido por Jigoro Kano, que, ao analisar o ju-jutsu, criou uma técnica de combate mais defensiva, onde a força e o equilíbrio do adversário são usados contra ele.

Oficialmente, o judô surgiu em 1882, quando Kano fundou o Instituto Kodokan, cujo nome se decompõe em “ko” (palestra, estudo, método), “do” (caminho ou via) e “kan” (instituto).

Kano estabeleceu uma linha filosófica centrada no conceito de ippon-shobu (luta pelo ponto perfeito) e um código moral, que contribuíram para a disseminação do judô como uma prática de desenvolvimento pessoal.

Ao reunir elementos de outras lutas e tornar o esporte acessível a todos, independente de força física, Kano abriu caminho para a popularização da modalidade ao nível global.

A modalidade chegou ao Brasil em 1922, trazido pelos imigrantes japoneses, e se consolidou como um dos esportes mais praticados no país.

Medalhista de ouro nos Jogos do Rio, Rafaela Silva alimenta a tradição do esporte no país
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História do Judô no Brasil

A história da modalidade no Brasil teve um início modesto, sem instituições organizadoras formais, até que, na década de 1920 e início dos anos 1930, a chegada de imigrantes japoneses trouxe consigo a prática do judô e do kendô.

Foi essa comunidade que começou a estruturar o esporte no país, inicialmente sem um órgão oficial para regular as atividades.

Com o tempo, o esporte passou a ser controlado pela Confederação Brasileira de Pugilismo, até que, em 1969, foi fundada a Confederação Brasileira de Judô.

Esse marco foi crucial para o desenvolvimento do esporte no Brasil, especialmente após a inclusão do esporte no programa olímpico em 1964, nos Jogos de Tóquio, o que impulsionou a organização de federações e a profissionalização do esporte.

Desde então, o judô se consolidou como um dos esportes mais bem-sucedidos do Brasil em termos de conquistas olímpicas.

Medalhas brasileiras no judô

A primeira medalha brasileira veio em 1972, e desde os Jogos de Los Angeles, em 1984, os judocas brasileiros subiram ao pódio em todas as edições olímpicas.

O ouro inédito veio em 1988, com Aurélio Miguel na categoria meio-pesado, e desde então, o Brasil continua a ser uma potência no cenário mundial.

Nos Jogos seguintes, Rogério Sampaio trouxe mais um ouro para o Brasil, na categoria meio-leve (até 66kg) em Barcelona 1992.

No século 21, as mulheres também brilharam no judô, ajudando o Brasil a conquistar várias medalhas. Sarah Menezes subiu ao topo do pódio na categoria ligeiro (até 48kg) em Londres 2012, vinte anos após a última medalha de ouro brasileira.

Fechando a lista de medalhistas dourados, Rafaela Silva conquistou o ouro no Rio 2016 na categoria leve (até 57kg), competindo em casa.

Na edição dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, o Brasil conquistou três medalhas. No naipe feminino, a judoca Larissa Pimenta foi responsável por garantir o bronze. Já no masculino, William Lima ganhou a medalha de prata.

Por fim, o Brasil ainda trouxe mais um bronze para a conta das medalhas na disputa por equipes mistas.

Regras do Judô

Como em qualquer arte marcial, o objetivo é vencer a luta. Cada combate tem a duração de 4 minutos.

Porém, a luta pode ser encerrada antes desse tempo se um atleta alcançar um Ippon, que é o golpe perfeito. O combate também pode ser encerrado antecipadamente se um dos competidores receber três shidos, que são sanções aplicadas pelos árbitros.

Se a luta terminar empatada, a disputa vai para o Golden Score. Nesse formato, o judoca que marcar a primeira pontuação será declarado o vencedor.

Desde janeiro de 2018, as pontuações estão restritas ao Waza-ari e ao Ippon.

Assim como o Koka, o Yuko foi extinto. Agora, golpes e imobilizações que antes eram creditados como Yuko passaram a valer como Waza-ari. Um judoca que consegue dois Waza-aris alcança o equivalente a um Ippon e vence a luta.

Se a luta terminar empatada, os shidos (infrações) não são usados como critério de desempate. Nesse caso, a luta vai para o Golden Score.

No Golden Score, a disputa é decidida por punições apenas se um atleta acumular três shidos. Se isso ocorrer, um Hansoku-Make é declarado, e o combate termina, com o adversário sendo o vencedor.

Em lutas de 4 minutos, judocas tentam projetar quedas dos oponentes
Em lutas de 4 minutos, judocas tentam projetar quedas dos oponentes

Judo paralímpico

O paralímpico teve suas raízes na década de 1980, com o Brasil fazendo sua estreia internacional em 1987, em um torneio realizado em Paris.

Essa participação foi o início de uma jornada que levaria o país a se tornar uma potência na modalidade. No ano seguinte, o paralímpico foi oficialmente incluído nos Jogos Paralímpicos de Seul, em 1988, inicialmente restrito a atletas masculinos.

A competição feminina só foi introduzida nos Jogos de Atenas, em 2004, ampliando o alcance e a visibilidade do paralímpico.

Desde então, a modalidade tem se consolidado como uma das principais artes marciais no programa paralímpico, ao lado do taekwondo.

O Brasil conquistou suas primeiras medalhas no judô paralímpico em Seul 1988, com Leonel Filho, Júlio Silva e Jaime de Oliveira garantindo três bronzes.

Desde então, o país tem se mantido como uma das principais forças da modalidade, com expectativas de repetir esses feitos nos Jogos Paralímpicos de 2024

Pontuações no Judô

  • Waza-ari
  • Ippon

Waza-ari

A segunda maior pontuação do judô, o Waza-ari, é concedida quando o oponente cai de lado, com metade das costas ou é imobilizado por pelo menos 10 segundos.

Dois Waza-aris equivalem a um Ippon.

Ippon

O “nocaute” do judô, o Ippon, é o golpe perfeito que determina o fim da luta. Ele ocorre quando, na projeção, o oponente cai com as costas completamente no tatame.

Além disso, o Ippon é concedido quando um atleta realiza uma imobilização por 25 segundos ou quando o adversário desiste devido a chaves de mãos ou pés e estrangulamentos.

Punições do Judô

  • Shido
  • Hansoku-Make

Shido

Shidos são penalidades aplicadas por infrações leves das regras e funcionam como avisos. Se um judoca acumular três shidos, ele perderá a luta.

De acordo com as novas regras, aplicadas desde janeiro de 2018, um combate não pode ser decidido por shidos em caso de empate após os 4 minutos regulamentares. Se houver empate, a luta vai para o Golden Score.

Durante o Golden Score, a luta só é decidida por punições se um judoca acumular três shidos, o que configura um Hansoku-Make e encerra a luta, com o adversário sendo declarado vencedor.

Hansoku-Make

Uma violação grave das regras resulta em um hansoku-make, que leva à desqualificação imediata do competidor penalizado.

Além disso, o hansoku-make também é concedido se um judoca acumular três shidos.

Categorias

Categorias femininas do Judô

  • Ligeiro: até 48 kg
  • Meio-leve: até 52 kg
  • Leve: até 57 kg
  • Meio-médio: até 63 kg
  • Médio: até 70 kg
  • Meio-pesado: até 78 kg
  • Pesado: mais de 78 kg

Categorias masculinas do Judô

  • Ligeiro: até 60 kg
  • Meio-leve: até 66 kg
  • Leve: até 73 kg
  • Meio-médio: até 81 kg
  • Médio: 90 kg
  • Meio-pesado: até 100 kg
  • Pesado: mais de 100 kg
  • Graduação por classes do Judô
  • Sub-21 e Sênior: Faixa Roxa, 2º Kyu para o masculino e Faixa Verde, 3 Kyu para o feminino
  • Sub-18: Faixa Verde, 3 Kyu para o masculino e Faixa Amarela, 6º Kyu para o feminino
  • Sub-15: Faixa Amarela, 6º Kyu para o masculino e Faixa Azul, 8º Kyu para o feminino
  • Sub-13: Faixa Azul, 8º Kyu para o masculino e Faiza Cinza, 10º Kyu para o feminino

Regras do judô paralímpico

As lutas ocorrem sob as mesmas regras estabelecidas pela Federação Internacional de Judô, com algumas adaptações específicas para atender às necessidades dos competidores.

A principal diferença em relação ao convencional é que os atletas começam a luta já em contato direto com o quimono do oponente, e o combate é interrompido se esse contato for perdido.

O objetivo principal é derrubar o adversário, imobilizá-lo, ou forçá-lo a desistir utilizando técnicas de estrangulamento ou chaves de braço.

Os combates têm duração de quatro minutos e o objetivo é alcançar um ippon, que garante a vitória imediata.

Um ippon é concedido quando o adversário é jogado de costas no chão com força, velocidade e controle, ou por finalização através de estrangulamento ou chave de braço.

Outra forma de pontuação é o waza-ari, que equivale a meio ponto e é concedido por golpes que falham em um dos critérios para o ippon. Dois waza-ari somam um ippon, encerrando a luta.

Judô paralímpico regras, medalhas e Paris 2024
Alana Maldonado competindo no judô (Reprodução/Caixa)

Divisão de atletas do judô paralímpico

Os atletas que competem no paralímpico são divididos em categorias de peso e em classes de acordo com o grau de deficiência visual.

A classe J1 é destinada a cegos totais ou atletas com percepção de luz sem reconhecimento de formas.

Enquanto isso, a classe J2 inclui aqueles que conseguem definir imagens, ainda que com dificuldade.

Entenda mais sobre cada classe do judô paralímpico com essa explicação cedida pelo Comitê Paralímpico Brasileiro.

Judô paralímpico regras, medalhas e Paris 2024
(Reprodução/CPB)

Tanto no masculino quanto no feminino, há quatro divisões de peso. Do lado masculino são essas as divisões:

  • Até 60 kg;
  • Até 73 kg;
  • Até 90 kg;
  • Acima de 90 kg.

Por outro lado, as competições femininas nas paraolimpíadas são dividas pelos  seguintes pesos:

  • Até 48 kg;
  • Até 57 kg;
  • Até 70 kg;
  • Acima de 70 kg.

Equipamentos do Judô

Mayra Aguiar
Mayra Aguiar festeja a terceira medalha olímpica em Tóquio 2020. (Reprodução/Instagram)

Os judocas devem usar apenas o judogi durante seus combates, que pode ser branco ou azul. O judogi é composto por:

  1. Kimono – A parte superior do uniforme, que é feita de um tecido resistente e deve ser de manga longa e com gola de lapela.
  2. Obi – O cinto que segura o kimono no lugar e indica o nível de graduação do judoca. O cinto pode ser de diferentes cores, dependendo da faixa do atleta.
  3. Hakama – A parte inferior do uniforme, que consiste em calças largas e é uma extensão do kimono. No judô, a hakama faz parte do conjunto do judogi, garantindo a cobertura completa e proteção durante os movimentos.

A cor do judogi é importante para facilitar a identificação dos competidores e deve ser usada conforme as regras estabelecidas em cada competição.

Camisa para atletas do judô feminino

As atletas femininas devem utilizar uma camisa ou colant branco por baixo do judogi. Essa vestimenta é obrigatória e faz parte do uniforme de competição, devendo seguir as seguintes recomendações:

  1. Cor: A camisa ou colant deve ser exclusivamente na cor branca.
  2. Tamanho e Ajuste: Deve ser ajustado ao corpo sem causar desconforto e sem interferir nos movimentos do judogi. Não deve ser visível fora do kimono.
  3. Material: O tecido deve ser leve e respirável, para garantir conforto durante a competição.
  4. Sem Decorações: A peça não deve ter logotipos, estampas ou qualquer tipo de decoração que não esteja em conformidade com as normas da competição.

Essas regras visam garantir uniformidade e evitar qualquer tipo de vantagem ou desvantagem não relacionada ao desempenho técnico dos competidores.

Patch

Os patches são tecidos de identificação visual, costurados no Judogi. Podem ser o escudo de uma federação, escudo do clube, patrocinadores e/ou publicidade, identificação do estado e evento ou até mesmo do nome do atleta.

A responsabilidade da fixação dos patches no judogi é do atleta e seu respectivo técnico.

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