Algumas modalidades de atletismo fazem parte dos Jogos Olímpicos desde a primeira edição moderna, realizada em Atenas em 1896. Nessa edição inaugural, foram disputadas todas as provas de salto atuais, incluindo o salto em distância, o salto triplo, o salto em altura e o salto com vara.
Na segunda edição dos Jogos, em Paris 1900, foram introduzidos eventos como o salto triplo sem impulsão, o salto em altura sem impulsão e o salto em distância sem impulsão. No entanto, essas provas não conseguiram se consolidar e foram removidas do calendário olímpico rapidamente.
Hoje, o programa de saltos no atletismo olímpico se restringe às provas de salto em distância, salto triplo, salto em altura e salto com vara. Acompanhe nossa cobertura para descobrir a evolução de cada uma dessas modalidades e conhecer os campeões que marcaram a história dos Jogos.
História dos saltos nas Olimpíadas
Embora alguns eventos de salto estejam associados aos Jogos Olímpicos da Antiguidade, as Olimpíadas modernas começaram com quatro provas de salto em Atenas 1896. Em Paris 1900, foram adicionadas mais três modalidades, mas nem todas perduraram.
O salto triplo sem impulsão, por exemplo, foi realizado apenas em duas edições dos Jogos. Já o salto em distância sem impulsão e o salto em altura sem impulsão continuaram até os Jogos de Estocolmo 1912.
Após a Primeira Guerra Mundial, nos Jogos de Antuérpia 1920, o programa de saltos foi reduzido aos quatro eventos que conhecemos hoje: salto em distância, salto triplo, salto em altura e salto com vara. Cada uma dessas modalidades tem uma história distinta e uma evolução própria dentro do atletismo olímpico.
História do salto em distância
O salto em distância é uma das provas mais tradicionais das Olimpíadas, com origens que remontam à Antiguidade. Na Grécia Antiga, o salto em distância fazia parte do pentatlo, embora essa modalidade não esteja mais presente hoje em dia.
Acredita-se que essas provas antigas foram desenvolvidas como treinamento para atravessar obstáculos em combates.
Diferente do salto em distância moderno, os atletas da Antiguidade usavam halteres que variavam de 1 a 4,5 kg para aumentar a distância dos saltos. Esses halteres, balançados durante o salto, permitiam uma maior impulsão, mesmo sem a necessidade de uma corrida longa.
Atualmente, a prova é realizada em uma pista de 40 a 45 metros, onde os atletas correm em direção a uma tábua de impulsão de 20 cm, sem poder pisar além dela. Cada competidor tem três saltos, e os 12 melhores saltam outras três vezes.
Em 1974, John Delamere, da Nova Zelândia, tentou um salto com cambalhota no ar, mas o movimento foi considerado perigoso e posteriormente proibido pela Federação Internacional de Atletismo, que permite apenas saltos normais.
História do salto triplo
Algumas fontes antigas mencionam saltos de até 15 metros nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, mas muitos pesquisadores acreditam que essas distâncias podem ser exageradas.
Segundo a tradição, esses saltos poderiam ter sido realizados em série, mas o valor real talvez seja mais simbólico do que factual.
O salto triplo tem uma longa história, incluindo menções na mitologia irlandesa e nos Jogos Tailteann, onde era conhecido como geal-ruith. Retornou ao cenário olímpico em Atenas 1896 e permanece como uma das provas clássicas do atletismo.
O nome “salto triplo” reflete a técnica da prova, onde o atleta realiza três saltos consecutivos antes de aterrissar em uma caixa de areia para marcar a distância.
O salto começa com uma corrida até a tábua de impulsão, com o atleta saltando em três fases distintas, alternando as pernas entre os saltos. A medição da distância é feita a partir da marca na tábua de impulsão.
Salto em altura
Diferentemente de outras provas de atletismo, o salto em altura não possui registros na Antiguidade, com a primeira referência conhecida ocorrendo na Escócia no século XIX.
Desde a sua estreia nos Jogos Olímpicos da era moderna, em Atenas 1896, o salto em altura tem evoluído consideravelmente.
Nos primeiros Jogos Olímpicos, o salto em altura era realizado de maneira semelhante ao salto com barreiras. A grande inovação veio com Dick Fosbury, que introduziu a técnica do “Fosbury Flop” nos Jogos de Cidade do México 1968.
Fosbury, campeão olímpico naquela edição, revolucionou o esporte com sua abordagem de pular de costas, técnica que agora é amplamente adotada.
No salto em altura, os atletas não podem receber assistência externa e devem correr uma distância determinada antes de tentar o salto. A prova utiliza uma barra que marca a altura desejada, e o salto é considerado inválido se a barra for derrubada durante a tentativa.
Salto com vara
O salto com vara é a única prova de saltos nas Olimpíadas que utiliza um objeto para impulsão. Originado da necessidade de povos do noroeste europeu, que empregavam varas para atravessar terrenos pantanosos, o esporte tem raízes históricas em regiões como a Frísia, na Holanda, e algumas áreas da Inglaterra.
Na Frísia, os locais praticavam o “fierljeppen,” que significa “saltar longe” em holandês. Este esporte, com suas origens na prática de atravessar áreas alagadas, evoluiu para uma competição olímpica no século XIX e foi incluído no programa dos Jogos desde Atenas 1896, mantendo-se ininterruptamente desde então.
Atualmente, os atletas percorrem uma pista de pelo menos 45 metros antes de realizar o salto. Ao final da pista, eles utilizam uma vara para impulsionar-se e atravessar um sarrafo colocado em uma altura determinada. Assim como no salto em altura, o sarrafo não pode ser derrubado para que o salto seja considerado válido.
Campeões nos saltos nas Olimpíadas
Campeões no salto em distância
Olimpíadas | Campeão | Campeão |
Atenas 1896 | Ellery Clark (Estados Unidos) | — |
Paris 1900 | Alvin Kraenzlein (Estados Unidos) | — |
St. Louis | Myer Prinstein (Estados Unidos) | — |
Londres 2008 | Frank Irons (Estados Unidos) | — |
Estocolmo 1912 | Albert Gutterson (Estados Unidos) | — |
Antuérpia 1920 | William Petersson (Suécia) | — |
Paris 1924 | DeHart Hubbard (Estados Unidos) | — |
Amsterdã 1928 | Ed Hamm (Estados Unidos) | — |
Los Angeles 1932 | Ed Gordon (Estados Unidos) | — |
Berlim 1936 | Jesse Owens (Estados Unidos) | — |
Londres 1948 | Willie Steele (Estados Unidos) | Olga Gyarmati (Hungria) |
Helsinque 1952 | Jerome Biffle (Estados Unidos) | Yvette Williams (Nova Zelândia) |
Melbourne 1956 | Gregory Bell (Estados Unidos) | Elzbieta Krzesinska (Polônia) |
Roma 1960 | Ralph Boston (Estados Unidos) | Vera Krepkina (União Soviética) |
Tóquio 1964 | Lynn Davies (Grã-Bretanha) | Mary Rand (Grã-Bretanha) |
Cidade do México 1968 | Bob Beamon (Estados Unidos) | Viorica Viscopoleanu (Romênia) |
Munique 1972 | Randy Williams (Estados Unidos) | Heide Rosendahl (Alemanha Ocidental) |
Montreal 1976 | Arnie Robinson (Estados Unidos) | Angela Voight (Alemanha Oriental) |
Moscou 1980 | Lutz Dombrowski (Alemanha Oriental) | Tatyana Kolpakova (União Soviética) |
Los Angeles 1984 | Carl Lewis (Estados Unidos) | Anisoara Cusmir-Stanciu (Romênia) |
Seul 1988 | Carl Lewis (Estados Unidos) | Jackie Joyner-Kersee (Estados Unidos) |
Barcelona 1992 | Carl Lewis (Estados Unidos) | Heike Drechsler (Alemanha) |
Atlanta 1996 | Carl Lewis (Estados Unidos) | Chioma Ajunwa (Nigéria) |
Sydney 2000 | Iván Pedroso (Cuba) | Heike Drechsler (Alemanha) |
Atenas 2004 | Dwight Phillips (Estados Unidos) | Tatyana Lebedeva (Rússia) |
Pequim 2008 | Irving Saladino (Panamá) | Maurren Magu (Brasil) |
Londres 2012 | Greg Rutherford (Grã-Bretanha) | Brittney Reese (Estados Unidos) |
Rio 2016 | Jeff Henderson (Estados Unidos) | Tianna Bartoletta (Estados Unidos) |
Tóquio 2020 | Miltiadis Tentoglou (Grécia) | Malaika Mihambo (Alemanha) |
Campeões no salto triplo
Olimpíadas | Campeão | Campeã |
Atenas 1896 | James Brendan Connolly (Estados Unidos) | — |
Paris 1900 | Mayer Prinstein (Estados Unidos) | — |
St. Louis 1904 | Myer Prinstein (Estados Unidos) | — |
Londres 1908 | Tim Ahearne (Grã-Bretanha) | — |
Estocolmo 1912 | Gustaf Lindblom (Suécia) | — |
Antuérpia 1920 | Vilho Tuulos (Finlândia) | — |
Paris 1924 | Nick Winter (Austrália) | — |
Amsterdã 1928 | Mikkio Oda (Japão) | — |
Los Angeles 1932 | Chuhei Nambu (Japão) | — |
Berlim 1936 | Naoto Tajima (Japão) | — |
Londres 1948 | Arne Ahman (Suécia) | — |
Helsinque 1952 | Adhemar da Silva (Brasil) | — |
Melbourne 1956 | Adhemar da Silva (Brasil) | — |
Roma 1960 | Józef Szmidt (Polônia) | — |
Tóquio 1964 | Józef Szmidt (Polônia) | — |
Cidade do México 1968 | Viktor Saneyev (União Soviética) | — |
Munique 1972 | Viktor Saneyev (União Soviética) | — |
Montreal 1976 | Viktor Saneyev (União Soviética) | — |
Moscou 1980 | Jaak Uudmäe (União Soviética) | — |
Los Angeles 1984 | Al Joyner (Estados Unidos) | — |
Seul 1988 | Khristo Markov (Bulgária) | — |
Barcelona 1992 | Mike Conley Sr. (Estados Unidos) | — |
Atlanta 1996 | Kenny Harrison (Estados Unidos) | Inessa Kravets (Ucrânia) |
Sydney 2000 | Jonathan Edwards (Grã-Bretanha) | Tereza Marinova (Bulgária) |
Atenas 2004 | Christian Olsson (Suécia) | Françoise Mbango Etone (Camarões) |
Pequim 2008 | Nelson Évora (Portugal) | Françoise Mbango Etone (Camarões) |
Londres 2012 | Christian Taylor (Estados Unidos) | Olga Rypakova (Cazaquistão) |
Rio 2016 | Christian Taylor (Estados Unidos) | Caterine Ibargüen (Colômbia) |
Tóquio 2020 | Pedro Pichardo (Portugal) | Yulimar Rojas (Venezuela) |
Campeões no salto em altura
Olimpíadas | Campeão | Campeã |
Atenas 1896 | Ellery Harding Clark (Estados Unidos) | — |
Paris 1900 | Irving Baxter (Estados Unidos) | — |
St. Louis 1904 | Samuel Jones (Estados Unidos) | — |
Londres 1908 | Harry Porter (Estados Unidos) | — |
Estocolmo 1912 | Alma Richards (Estados Unidos) | — |
Antuérpia 1920 | Richmond Landon (Estados Unidos) | — |
Paris 1924 | Harold Osborn (Estados Unidos) | — |
Amsterdã 1928 | Bob King (Estados Unidos) | Ethel Catherwood (Canadá) |
Los Angeles 1932 | Duncan McNaughton (Canadá) | Jean Shiley (Estados Unidos) |
Berlim 1936 | Cornelius Johnson (Estados Unidos) | Ibolya Csák (Hungria) |
Londres 1948 | John Winter (Austrália) | Alice Coachman (Estados Unidos) |
Helsinque 1952 | Walt Davis (Estados Unidos) | Esther Brand (África do Sul) |
Melbourne 1956 | Charles Dumas (Estados Unidos) | Mildred McDaniel (Estados Unidos) |
Roma 1960 | Robert Shavlakadze (União Soviética) | Iolanda Balas (Romênia) |
Tóquio 1964 | (Valeriy Brumel (União Soviética) | Iolanda Balas (Romênia) |
Cidade do México 1968 | Dick Fosbury (Estados Unidos) | Miloslava Rezková (Checoslováquia) |
Munique 1972 | Jüri Tarmak (União Soviética) | Ulrike Meyfarth (Alemanha Ocidental) |
Montreal 1976 | Jacek Wszola (Polônia) | Rosemarie Ackermann (Alemanha Oriental) |
Moscou 1980 | Gerd Wessig (Alemanha Ocidental) | Sara Simeoni (Itália) |
Los Angeles 1984 | Dietmar Mögenburg (Alemanha Oriental) | Ulrike Meyfath (Alemanha Ocidental) |
Seul 1988 | Hennadiy Avdyeyenko (União Soviética) | Louise Ritter (Estados Unidos) |
Barcelona 1992 | Javier Sotomayor (Cuba) | Heike Henkel (Alemanha) |
Atlanta 1996 | Charles Austin (Estados Unidos) | Stefka Kostadinova (Bulgária) |
Sydney 2000 | Sergey Klyugin (Rússia) | Yelena Yelesina (Rússia) |
Atenas 2004 | Stefan Holm (Suécia) | Yelena Yelesina (Rússia) |
Pequim 2008 | Andrey Silnov (Rússia) | Tia Hellebaut (Bélgica) |
Londres 2012 | Erick Kynard (Estados Unidos) | Anna Chicherova (Rússia) |
Rio 2016 | Derek Drouin (Canadá) | Ruth Beitia (Espanha) |
Tóquio 2020 | Gianmarco Tamberi (Itália)
Mutaz Essa Barshim (Catar) |
Mariya Lasitskene (Comitê Olímpico Russo) |
Campeões em salto com vara
Olimpíadas | Campeão | Campeã |
Atenas 1986 | William Hoyt (Estados Unidos) | — |
Paris 1900 | Irving Baxter (Estados Unidos) | — |
St. Louis 1904 | Charles Dvorak (Estados Unidos) | — |
Londres 1908 | Edward Cook (Estados Unidos)
Alfres Gilbert (Estados Unidos) |
— |
Estocolmo 1912 | Harry Babcock (Estados Unidos) | — |
Antuérpia 1920 | Frank Foss (Estados Unidos) | — |
Paris 1924 | Lee Barnes (Estados Unidos) | — |
Amsterdã 1928 | Sabin Carr (Estados Unidos) | — |
Los Angeles 1932 | Bill Miller (Estados Unidos) | — |
Berlim 1936 | Earle Meadwos (Estados Unidos) | — |
Londres 1948 | Guinn Smith (Estados Unidos) | — |
Helsinque 1952 | Bob Richards (Estados Unidos) | — |
Melbourne 1956 | Bob Richards (Estados Unidos) | — |
Roma 1960 | Don Bragg (Estados Unidos) | — |
Tóquio 1964 | Fred Hansen (Estados Unidos) | — |
Cidade do México 1968 | Bob Seagren (Estados Unidos) | — |
Munique 1972 | Wolfgang Nordwig (Alemanha Oriental) | — |
Montreal 1976 | Tadeusz Slusarski (Polônia) | — |
Moscou 1980 | Wladyslaw Kozakiewicz (Polônia) | — |
Los Angeles 1984 | Pierre Quinon (França) | — |
Seul 1988 | Sergey Bubka (União Soviética) | — |
Barcelona 1992 | Maksim Tarasov (Equipe Unificada*) | — |
Atlanta 1996 | Jean Galfione (França) | — |
Sydney 2000 | Nick Hysong (Estados Unidos) | Stacy Dragila (Estados Unidos) |
Atenas 2004 | Timothy Mack (Estados Unidos) | Yelena Isinbayeva (Rússia) |
Pequim 2008 | Steve Hooker (Austrália) | Yelena Isinbayeva (Rússia) |
Londres 2012 | Renaud Lavillenie (França) | Jennifer Suhr (Estados Unidos) |
Rio 2016 | Thiago Braz (Brasil) | Katerina Stefanidi (Grécia) |
Tóquio 2020 | Armand Duplantis (Suécia) | Katie Nageotte (Estados Unidos) |
*Equipe Unificada foi a delegação composta por 12 ex-repúblicas da União Soviética.
Brasileiros nos saltos nas Olimpíadas
Três brasileiros já venceram a medalha de ouro em saltos nas Olimpíadas. O primeiro foi Adhemar da Silva, em salto triplo, em Helsinque 1952 e Melbourne 1956. Depois foi Maurren Maggi, salto em distância, em Pequim 2008. O último foi Thiago Braz, salto com vara, em Tóquio 2020.
Não houve outras medalhas conquistadas no salto em distância. No salto triplo, Nelson Prudêncio, em Cidade do México 1968, ganhou prata e, em Munique 1972, bronze. João Carlos de Oliveira conquistou dois bronzes, em Montreal 1976 e Moscou 1980.
José da Conceição ficou com o bronze de Helsinque 1952, no salto em altura, sendo a única medalha brasileira. Além do ouro no Rio de Janeiro, Thiago Braz voltou a medalhar em Tóquio 2020, ficando em 3º lugar.
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Repórter no Esportelândia. Licenciado em Literatura Inglesa. Jornalista com passagens por Quinto Quarto, Blog de Escalada, Minha Torcida, Futebol Interior e Techpost. Está no Esportelândia desde 2022.