Depois de muito esperar, finalmente começaram os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Com 21 modalidades diferentes sendo disputadas no principal evento esportivo do mundo, com certeza você já se perguntou sobre o motivo de não ter automobilismo nas Olimpíadas.
Afinal, como pode um esporte que movimenta milhões de fãs nas redes sociais e espalhados por todos os autódromos mundo afora não estar representado em um torneio tão grandioso? Entenda agora os problemas que afetam essa decisão.
Conheça os motivos para não ter automobilismo nas Olimpíadas
O automobilismo já foi olímpico?
Para os que não se recordam, vale lembrar que os desportos a motor já foram olímpicos um dia. Categorias como automobilismo, motociclismo e motonáutica integraram o calendário dos Jogos Olímpicos de Verão em cinco edições.
A maioria das modalidades participaram apenas como esportes de demonstração. Exceção feita pelos eventos de motonáutica, que fizeram parte do programa oficial das Olimpíadas em 1908, em Londres, no Reino Unido.
O único atleta a ganhar uma medalha por um esporte a motor foi o piloto de aeronáutica Hermann Schreiber. O suíço recebeu a condecoração COI (Comitê Olímpico Internacional) em 1935, após sobrevoar os Alpes com um planador.
Atritos entre FIA e COI
Depois de muitos embates sobre a inserção do automobilismo nos Jogos Olímpico, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) foi reconhecida pelo COI como um federação esportiva em janeiro de 2012.
Às vésperas da última Olimpíada de Londres, a entidade responsável pelas categorias a motor assinou a Carta Olímpica, que possui diversas exigências para que o esporte seja considerado no padrão do COI.
Na época, o movimento ficou conhecido como um grande passo para a realização do tão aguardado sonho. Entretanto, não foi bem o que aconteceu. No GP da Grã-Bretanha daquele ano, Jacques Rogge, presidente do COI, soltou uma declaração bombástica:
O conceito que temos é que os jogos são competições entre atletas e não entre equipamentos. Apesar de haver um enorme respeito pelas corridas de carro, elas não serão incluídas no programa olímpico.
Certamente, a frase não foi bem recebida no universo das corridas. Principalmente pelo fato de que algumas modalidades presentes no calendário olímpico contarem com equipamentos de alta tecnologia.
Mas a verdade é que, além dessa questão, outros fatores influenciam para não existir automobilismo nas OIimpíadas. Um dos principais tópicos seria a logística, um problema muito grande para uma competição que não duraria nem um mês.
De acordo com a Carta Olímpica assinada pela FIA, a modalidade deve ser praticada em por homens em ao menos 75 países, em quatro continente diferentes, e por mulheres em 40 países e três continentes distintos, o que não acontece neste caso.
Quais as chances da Fórmula 1 nas Olimpíadas?
O principal motivo para não existir Fórmula 1 nos Jogos Olímpicos se dá, justamente, pela falta de representatividade da categoria no mundo. Classificada entre os monopostos, a F1 possui apenas 22 competições credenciadas pela FIA, entre nacionais e internacionais. Ou seja, não atende o limite mínimo exigido pela Carta Olímpica.
Vale ressaltar também que há poucas categorias femininas nas competições de monopostos. O que dificulta bastante, uma vez que o COI preza pela diversidade dentro da modalidade em questão.
Claro que a relação entre a FIA e COI melhorou depois da declaração de Rogge em 2012. No entanto, a inserção do automobilismo nas Olimpíadas ainda parece estar distante de acontecer. Questões como logística e diversidade afetam um possível acordo e mantém tudo sem definição.
Além de todos os pontos abordados, não é possível saber nem mesmo quais seriam os tipos de veículos que integrariam o automobilismo nas Olimpíadas. Muitos defendem que deveriam ser os carros de fórmula, como F1 e Indy, enquanto outros apontam para os carros de turismo, como os utilizados na Stock Car Brasil, por exemplo.
Muitos defensores dos esportes a motor no torneio afirmam que o mais viável seria a utilização de karts, justamente pela questão logística. Entretanto, não há previsão alguma para que isso aconteça.
Automobilismo nas Olimpíadas de Los Angeles 2028?
Em agosto de 2023 cogitou-se a possibilidade dos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028 receberem o automobilismo como um dos esportes disputados no calendário oficial do torneio. Uma esperança que animou os fãs dos roncos dos motores.
No entanto, a animação por parte da torcida acabou durando pouco tempo. Cerca de dois meses depois, em outubro, o COI não aprovou a entrada da modalidade no principal evento esportivo do mundo.
A cada quatro anos, o COI decide quais são os esportes que vão integrar a próxima edição dos Jogos. Para Los Angeles 2028, além do automobilismo, karatê e breaking também ficaram de fora. As modalidades escolhidas para o evento foram futebol americano, beisebol e softbol, lacrosse e squash.
Especialista comenta chance de automobilismo nas Olimpíadas
Para saber mais sobre o assunto, o Esportelândia entrou em contato com um dos maiores especialistas de Jogos Olímpicos que existe. Em entrevista ao portal, o jornalista Álvaro José desconsiderou qualquer possibilidade do automobilismo nas Olimpíadas.
A grande chance já foi! Era em Barcelona 1992, quando Bernie Ecclestone disse que o GP da Espanha seria realizado na época dos Jogos e renderia medalha ao vencedor. Época do grande embate entre Alain Prost e Ayrton Senna.
O comentarista ainda afirmou que a maior chance do acordo acontecer foi em Barcelona 1992. Entretanto, as conversas não andaram. Por fim, endossou o discurso da relação “homem-máquina” para explicar que esse sonho não deve se realizar tão cedo.
A ideia não caminhou. Presidente do COI na época, Juan Antonio Samaranch revelou que o automobilismo não é esporte olímpico porque a máquina leva vantagem sobre o homem, o que ninguém tem dúvida a respeito disso.
Assista à declaração de Álvaro José sobre o automobilismo nas Olimpíadas
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Agora que você já sabe tudo sobre a falta do automobilismo nas Olimpíadas, aproveite para se aprofundar ainda mais no esporte com nossos outros conteúdos:
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Editor no Esportelândia e redator no site Showmetech. Comentarista no portal “De Olho no Peixe” e diretor do documentário “Futebol do Espetáculo”, disponível no YouTube. Passou por Cinerama, PL Brasil e Futebol na Veia. Está no Esportelândia desde 2022.