Atualmente, a Copa do Brasil é um torneio com premiação milionária que os clubes buscam sempre vencer, dificultando o número de zebras na competição, principalmente com gigantes que também disputam a Libertadores.
Houve, porém, quem extrapolou o limite do compreensível e entrou no campo do extraordinário. Semifinalistas, finalistas, campeões, todos estes desafiaram a lógica, ou pelo menos a tradição, marcaram seu nome na história e garantiram um lugar na lista das 10 maiores zebras da Copa do Brasil, que você acompanha a seguir.
Maiores zebras da Copa do Brasil
- Criciúma (1991)
- Linhares (1994)
- Juventude (1999)
- Ponte Preta (2001)
- Brasiliense (2002)
- 15 de Novembro (2004)
- Santo André (2004)
- Paulista (2005)
- Ipatinga (2006)
- Figueirense (2007)
- Coritiba (2012)
Criciúma (1991)
- Resultado: Campeão
- Time-Base: Alexandre; Sarandí, Vilmar, Altair
e Itá; Roberto Cavalo, Grizzo, Zé Roberto, Gelson; Jairo Lenzi
e Soares. Técnico: Luiz Felipe Scolari
A primeira das grandes zebras da Copa do Brasil aconteceu logo na terceira edição do torneio. E com grande estilo.
Treinador por ninguém menos que Luiz Felipe Scolari, o maior campeão da história da competição, o Criciúma surpreendeu e conquistou o Brasil ao bater o Grêmio na final.
Na primeira partida, a equipe catarinense segurou o empate no Olímpico — na verdade, segurava a vitória até os 38 minutos do segundo tempo — e saiu em vantagem por conta da regra do gol qualificado.
A volta, no Heriberto Hulse, teve quatro cartões amarelos para o Tigre, três para o Tricolor, um vermelho para cada lado e gol que é bom, nada. O 0 a 0 deu o título ao Criciúma, consagrando uma campanha em que eliminou o Atlético Mineiro nas oitavas e Goiás e Remo nas quartas e semis, respectivamente.
Linhares (1994)
- Resultado: Semifinalista
- Time-Base: Hiran Spagnol; Leandro Silva, Silvinho, Cerezo e
Luciano; China, Rossi, Igor e Gersinho; Vandick e Arildo. Técnico: Gilberto Alves.
Uma das maiores zebras da Copa do Brasil veio do Espírito Santo. O estado mesmo. Na edição de 1994, o modesto Linhares alcançou as semifinais e ficou a um gol de chegar à finalíssima.
Fundado apenas em 1991, o time havia vencido apenas um Campeonato Capixaba, em 1993, quando virou o país de cabeça para baixo e eliminou o Fluminense ainda na primeira fase do torneio.
O feito foi conquistado a partir de dois empates. Um por 2 a 2, no Rio de Janeiro, e outro por 1 a 1, em Linhares.
A equipe capixaba avançou pelo gol qualificado e bateu o São José, do Amapá, e o Comercial, do Mato Grosso, até disputar as semis contra o Ceará.
O Vozão, que tinha eliminado o Palmeiras bicampeão brasileiro e o Internacional, segurou o empate em casa e venceu no Espírito Santo por um a zero. Fez — e perdeu — a final para o Grêmio.
Juventude (1999)
- Resultado: Campeão
- Time-Base: Émerson Ferreti; Marcos Teixeira ,Picoli
Capone e Dênis; Roberto, Flavio Campos, Mabília e
Wallace; Fernando Rech e Márcio Mixirica. Técnico: Valmir Louruz.
Depois do título do Criciúma, um campeão do Sul não deveria surpreender. Mas foi o que aconteceu com o Juventude de 1999, uma das grandes zebras da Copa do Brasil.
Numa edição já com duas fases prévias às oitavas de final, o Ju superou o estigma do futebol gaúcho e amassou vários de seus adversários no caminho até a final.
Administrado pela Parmalat desde 1993, o clube alviverde teve poder de fogo para aplicar 5 a 1 o Guará, na primeira fase, e incríveis 6 a 0 no Fluminense — revertendo um placar de 3 a 1 na ida — na segunda fase.
Nas oitavas não amassou mas ganhou o confronto após duas vitórias sem sofrer gols. As quartas foram possivelmente o maior desafio juventino, precisando avançar nos pênaltis após dois empates por 2 a 2 com o Bahia.
Já nas semis o 4 a 0 sobre o Internacional talvez tenha ficado tão marcado quanto à própria final, na qual o Juventude bateu o Botafogo por 2 a 1 na ida e segurou o 0 a 0 na volta, no Maracanã.
Ponte Preta (2001)
- Resultado: Semifinalista
- Time-Base: Alexandre; Rodrigo, Alex Oliveira, André Santos, Dionísio, Fabinho, Mineiro, Piá, Elivélton, Régis e Washington.
Técnico: Marco Aurélio.
Com o olhar de hoje seria difícil de classificar um time com Washington “Coração Valente”, o volante Mineiro e o zagueiro Rodrigo como uma grande zebra da Copa do Brasil.
Só que em 2001 o trio era jovem e o grande cara da Ponte Preta — que chegou a brigar em duas frentes, no Paulista e na Copa, em busca do primeiro título — era o meia Piá.
A Macaca não teve um das chaves mais complicadas dominou (quando não amassou) quem esteve em seu caminho. Fez, por exemplo, 8 a 1 no Castanhal, do Pará, na 1ª fase, e 4 a 1 no jogo de volta das oitavas, contra o Remo.
Nas quartas, superou a eliminação no estadual e o revés de 1 a 0 na ida com um poderoso 5 a 2 na volta contra o Fortaleza, no Moisés Lucarelli.
O sonho do título nacional, porém, começou a acabar logo na primeira partida da semifinal contra o Corinthians, talvez seu maior carrasco. Sem Washington, machucado, a Ponte levou um doído 5 a 0 no agregado e adiou a sua primeira conquista.
Brasiliense (2002)
- Resultado: Vice-campeão
- Time-Base: Donizeti; Moisés, Aldo, Tiago e Emerson; Evandro
Carioca, Maurício e Gil Baiano; Wellington Dias e Jackson
Técnico: Péricles Chamusca.
No mesmo ano em que o ASA de Arapiraca ganhou renome nacional por eliminar o Palmeiras, outra das maiores zebras da Copa do Brasil passeou (quase que) livremente.
O Brasiliense, que dali alguns anos jogaria a Série A do Campeonato Brasileiro com uma memorável coleção de veteranos, tinha começado a receber maiores investimentos e conseguiu ir além da surpresa inicial e chegar à final.
O time do Distrito Federal teve um caminho relativamente tranquilo até as quartas de final, enfrentando o Vasco do Acre, o Náutico e Confiança na sequência. Desses, foi o clube acreano quem mais complicou, ao vencer a partida ida.
Das quartas em diante, foi só peixe grande para o Jacaré. Contra o Fluminense, um duelo tenso que terminou 2 a 1 no agregado. Nas semis, a equipe bateu o Atlético Mineiro com a autoridade de um 3 a 0 na ida e um 2 a 1, ambos a favor, na volta.
O Brasiliense não fez feio na final, derrotado na primeira partida por 2 a 1 (com o gol da derrota aos 35 do segundo tempo) e vencendo a volta até os 20 da etapa final, quando Deivid empatou e acabou com o sonho dos torcedores da capital.
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15 de Novembro (2004)
- Resultado: Semifinalista
- Time-Base: Marcelo Pitol; Patrício, Jairo Santos, Luiz Oscar, Marcelo Müller; Edmílson, Perdigão, Gérson Lente , Canhoto; Bebeto, Dauri. Técnico: Mano Menezes
Eis aqui não só uma das maiores zebras da Copa do Brasil como a grande sensação do futebol brasileiro no ano de 2004.
Treinado por ninguém menos que Mano Menezes, o 15 de Novembro, time gaúcho de Campo Bom que jamais venceu um título oficial, chegou às semifinais do maior torneio eliminatório brasileiro.
Jogando um futebol aguerrido e inteligente, o Quinze começou a chamar a atenção quando bateu o Vasco na segunda fase. Na primeira partida, 1 a 1 já pouco usual. Na segunda, um estrondoso 3 a 0 que empurrou o time gaúcho ladeira acima.
Os comandados de Mano Menezes bateram o também carioca Americano, nas oitavas, e o tocantinense Palmas, nas quartas, antes de enfrentar outra sensação da temporada, o Santo André.
O sonho acabou, honrosamente, ali nas semifinais mesmo. Do confronto e do time paulista falaremos a seguir.
Santo André (2004)
- Resultado: Campeão
- Time-Base: Júlio César; Dedimar, Gabriel e Alex; Da Guia, Dirceu, Ramalho, Romerito e Élvis; Sandro Gaúcho e Osmar. Técnico: Péricles Chamusca.
O Santo André é possivelmente a mais lembrada das zebras da Copa do Brasil. A icônica foto acima, dos paulistas celebrando em pelo Maracanã, rodou o Brasil mas não o surpreendeu. O time, afinal, fez uma baita campanha.
Inserido num contexto de investimentos municipais em equipes de futebol, o Santo André formou um grupo forte, ofensivo e competitivo. No comando, Péricles Chamusca, vice-campeão de 2002.
O professor armou uma formação com 3 zagueiros que olhava mais para frente do que para trás.
O 5 a 0 no Novo Horizonte, o 3 a 0 no Atlético Mineiro e principalmente os dois empates — 3 a 3 e 4 a 4 — com o Palmeiras, este já nas quartas de final, falam por si só. Houve ainda a derrota por 4 a 3 na ida das semis, para o 15 de Novembro, que o Ramalhão superou por 3 a 1 na volta.
Até a primeira partida da final, contra o Flamengo, ficou em 2 a 2. Na finalíssima, porém, a partida perfeita. E o título histórico.
Paulista (2005)
- Resultado: Campeão
- Time-Base: Rafael; Lucas, Dema, Réver (Anderson Batatais) e Julinho; Fábio Gomes , Cristian, Juliano e Márcio Mossoró; Léo e André Leonel. Técnico: Vágner Mancini.
Em 2005, o raio caiu pela segunda vez no mesmo lugar. Outro time paulista calou o Maracanã, conquistou o título e se consagrou como uma das maiores zebras da Copa do Brasil.
Também financiado pela prefeitura, o Paulista de Jundiaí não tinha a ofensividade do Santo André, mas foi mais influente no futebol brasileiro. De lá saíram, por exemplo, os campeoníssimos Victor, goleiro, Réver, zagueiro, e Christian, volante, sem falar no ótimo Márcio Mossoró, meia.
O Galo teve uma campanha complicada, enfrentando, em sequência, Juventude, Botafogo, Internacional e Figueirense até as quartas. Tanto que venceu apenas três de oito partidas e avançou nos pênaltis nas oitavas e quartas.
O Paulista cresceu demais nas semis, fazendo 3 a 1 no Cruzeiro na ida e chegando à final contra o Fluminense. Confiante, a equipe paulista fez 2 a 0 logo na primeira partida e viu o Flu de Abel Braga — que treinou o Fla em 2004 — desmanchar em pleno Maracanã. 0 a 0 no placar e título na sala de troféus do Galo.
Ipatinga (2006)
- Resultado: Semifinalista
- Time-Base: Rodrigo Posso; Dênis, Irineu, Teco e Marinho Donizete; Paulinho, Jaílton, Leandro Salino e Enrico; Camanducaia e André. Técnico: Ney Franco
O Ipatinga já vinha de uma crescente nos anos anteriores, com direito até a título mineiro em 2005. Mas não deixou de ser uma zebra da Copa do Brasil em 2006.
Comandado por um jovem e enérgico Ney Franco, o Tigre apresentou um ótimo futebol no seu caminho até as semifinais. Da primeira fase até as oitavas, por exemplo, venceu todas as partidas com 3 gols marcados, sendo duas contra o Botafogo (3 a 0 e 3 a 1).
O caldo engrossou nas quartas e o Ipatinga teve de passar nos pênaltis após dois difíceis empates contra o Santos. Nas semis, o time parecia reencontrar as boas atuações, vencendo o Flamengo até os acréscimos da ida.
Então Obina empatou, o time carioca ganhou fôlego e acabou com o sonho dos mineiros com um 2 a 1 no Maraca.
Figueirense (2007)
- Resultado: Vice-campeão
- Time-Base: Wilson; Diogo, Felipe Santana, Chicão, Vinícius e André Santos; Edson, Henrique, Ruy e Cleiton Xavier; Victor Simões. Técnico: Mário Sérgio.
O Figueirense de 2007 é outro daqueles que hoje não parecem ter sido grandes zebras da Copa do Brasil. Wilson, Felipe Santana, Chicão, André Santos, Henrique, Cleiton Xavier, praticamente todo o time foi depois atuar em gigantes brasileiros e internacionais.
Até a campanha, ao primeiro olhar, não parece ter sido tão pesada. Mas foi sim, surpreendente. Acredite.
Primeiro, pesa o fato do Figueira ter sido desmanchado da temporada anterior, que teve o trio Cícero, Soares e Schwenk se destacando no Brasileiro.
Depois, enfrentou o Madureira, vice-campeão da Taça Guanabara, o Noroeste, que passava por um crescimento no cenário paulista, um fortalecido Náutico, que tinha em Acosta um dos melhores meias do Brasileirão, e o Botafogo, enfim, vice-campeão carioca e que liderou o Campeonato Brasileiro por 10 rodadas consecutivas.
Na decisão, caiu honrosamente — com um empate por 1 a 1 na ida e derrota por 1 a 0 na volta — para o Fluminense que seria vice-campeão da Copa Libertadores no ano seguinte.
Coritiba (2011)
- Resultado: vice-campeão
- Time-Base: Edson Bastos, Jonas, Emerson, Emerson Silva, Lucas Mendes, Etinho, Marcos Paulo, Leonardo, Willian Farias, Léo Gago, Marcos Aurélio, Rafinha, Davi, Bill, Técnico: Marcelo Oliveira
Mais um time que não foi campeão, o Coritiba de 2011 simplesmente aplicou uma das goleadas mais vexatória da história do Palmeiras, um avassalador 6 x 0.
A equipe chegou até à final da competição e enfrentou outro gigante, o Vasco da Gama. No entanto, os paranaenses acabaram derrotados na decisão, perdendo a ida de 1 x 0 para os cariocas. Na volta, o Coxa venceu por 3 x 2, mas os gols fora garantiram o título para o cruzmaltino.
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Jornalista formado pela UNESP, foi repórter da Revista PLACAR. Cobriu NBB, Superliga de Vôlei, A1 (Feminino), A2 e A3 (Masculino) do Campeonato Paulista e outras competições de base na cidade de São Paulo. Fanático por esportes e pelas histórias que neles acontecem, dos atletas aos torcedores.