Pia Sundhage é uma figura central na história do futebol feminino. A sueca é considerada uma das melhores jogadoras do século XX, sendo uma referência em seu país e uma competidora de longa data.

Essa mesma importância se aplica à sua carreira como treinadora, onde se destacou em Jogos Olímpicos e desempenhou um papel crucial na transformação da Seleção dos EUA em uma potência dominante no futebol mundial.

O que ela conquistou nunca será esquecido. No texto a seguir, vamos explorar seus times, títulos, prêmios e toda a sua trajetória, além de algumas curiosidades sobre a primeira estrangeira a treinar a seleção feminina do Brasil.

Quem é Pia Sundhage?

Pia Sundhage [2024]: biografia, títulos e prêmios da treinadora
Pia marcou 71 gols em 146 jogos pela Seleção Sueca (Daniela Porcelli/CBF)
Pia Sundhage é uma ex-jogadora e atualmente uma treinadora de futebol. Nascida em 1960, na Suécia, assumiu a Seleção Brasileira de Futebol Feminino em 2019, tornando-se a primeira estrangeira a ocupar o cargo em qualquer categoria da Seleção.

Seu principal feito como técnica foi a conquista das duas medalhas de ouro olímpicas com a Seleção Feminina dos EUA, e de maneira consecutiva, em 2008 e em 2012. Como atleta, teve seu ponto alto na Eurocopa de 1984, da qual foi campeã, artilheira e eleita a Bola de Ouro da competição. É até hoje a maior goleadora da Seleção Sueca.

Como jogadora, Pia era uma meia-atacante de forte personalidade e muita opinião para dar. Como treinadora, porém, tem um estilo oposto, exercendo uma liderança tranquila.

Os trabalhos internacionais da sueca são marcados pelo foco no desenvolvimento individual das atletas e na construção calculada da equipe, primando pelos encaixes específicos das jogadoras nas funções dentro do esquema tático do que necessariamente o contrário.

História de Pia Sundhage

A atacante Pia Sundhage começou a brilhar cedo no futebol sueco. Aos 15 anos, quando ainda era das categorias de base do IFK Ulricehamn, teve sua primeira experiência na Seleção principal.

Naturalmente, o primeiro título não demorou para chegar. Aos 19 já era campeã sueca e aos 21 era bi, com direito a título da Copa da Suécia no mesmo ano (1981). Seguiu dominando o cenário doméstico até 1985, quando se transferiu para a Lazio, da Itália.

Antes, o ponto alto da carreira: o fantástico desempenho na Eurocopa de 1984, em que se sagrou campeã, artilheira e foi eleita a melhor jogadora da competição. O título europeu foi o seu quinto e último em torneios oficiais com a Seleção Sueca.

Os quatro anteriores foram conquistados na Copa Nórdica. A Copa do Mundo de Futebol Feminino, é bom lembrar, só começou a acontecer em 1991. Pia, inclusive, participou das três primeiras edições, todas como titular, e até marcou um gol na vitória da Suécia por 2 a 0 sobre o Brasil, em 1991.

Voltando ao futebol de clubes, a passagem italiana de Pia durou apenas 17 jogos e no mesmo ano de 1985 ela voltou para a Suécia, para o Stattena IF. Encerrou a carreira em 1996, já com a ideia clara de se tornar técnica. Chegou até a ser treinadora-jogadora entre 1992 e 1994, no Hammarby, de Estocolmo.

Pia Sundhage, a treinadora

Pia começou como a ser treinadora de fato somente em 2003, depois de um pouco mais de seis anos trabalhando como assistente.

A primeira oportunidade foi no Boston Breakers, dos EUA. E foi muito bem aproveitada: seu time sagrou-se campeão da WUSA e ela foi eleita a melhor “professora” da temporada.

A liga americana infelizmente se desfez e ela voltou para casa para exercer a nova profissão. Mas o tempo americano não foi em vão: em 2007 ela assumiu o comando da Seleção Estadunidense, muito por conta do trabalho feito nos campos norte-americanos.

O período no comando dos EUA foi simplesmente fantástico, e não só pelos dois ouros olímpicos em cinco anos. Além das conquistas, Pia foi quem iniciou o processo que capacitou a Seleção a capitalizar todo o talento que produz nos clubes e no futebol universitário.

Para se ter noção do nível de qualidade do trabalho da sueca, ela foi nomeada por quatro vezes consecutivas ao prêmio da FIFA de treinadora do ano, entre 2010 e 2013. Venceu em 2012.

A realização profissional foi tanta que Pia decidiu voltar mais uma vez para casa, assumindo o comando da Seleção Sueca em 2013. Ficou até 2017, conquistando mais uma medalha olímpica, a de prata, em 2016, ano em que foi novamente finalista do prêmio da FIFA.

Quando enfim foi convidada pela CBF para o cargo na Seleção Brasileira, estava comandando e coordenando a equipe sub-17 da Suécia. Segundo ela, estava até pensando em se aposentar. Mas não tinha como negar o trabalho no “país do futebol”

Pia recendo o premio de Treinadora do Ano de 2012
Pia é uma as vozes mais ativas em defesa da visibilidade das treinadoras de futebol (Reuters)

Pia Sundhage na Seleção Brasileira

Pia Sundhage assumiu o comando da Seleção Brasileira pouco tempo depois da Copa do Mundo de 2019, substituindo Vadão. Tornou-se, assim, a segunda mulher e a primeira estrangeira a ocupar o cargo.

O primeiro ano de trabalho da sueca foi mais de reestruturação, com foco grande na renovação do elenco, na reformulação do sistema defensivo e na aproximação da Seleção com o futebol jogado no Brasil.

Entre 2019 e 2020, Pia convocou mais de 40 atletas, sendo quase metade delas vindas de clubes brasileiros, e deu chances a praticamente todas. Ainda assim, a equipe base que marcou 22 gols e sofreu apenas 3 em 12 jogos tinha a presença das principais referências dos últimos anos, a goleira Bárbara, a volante Formiga e, claro, a Rainha Marta.

O primeiro grande objetivo dado à sueca é a conquista do ouro olímpico — o terceiro dela e o primeiro do Brasil — em Tóquio, nos Jogos que, por conta da pandemia do novo coronavírus, foram adiados para 2021.

Na campanha, o Brasil terminou em segundo lugar no Grupo F e encarou a seleção do Canadá na fase de Quartas de final. No fim, a seleção acabou dando adeus à competição perdendo nas penalidades.

Depois disso, houve a conquista da Copa América de maneira invicta e também sem sofrer gols.

Na Copa do Mundo de 2023, um verdadeiro fracasso, o Brasil não conseguiu passar da fase de grupos pela primeira vez em 28 anos. Na estreia, venceu bem o Panamá por 4 x 0. Contudo, terminou perdendo para a França por 2 x 1 e empatando em 0 x 0 contra a Jamaica.

Em 30 de agosto de 2023, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decidiu por demitir a treinadora.

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Pia na beira do campo no comando da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2023.Foto: WILLIAM WEST / AFP

Único título pela seleção brasileira

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Pia levou o Brasil ao título da Copa América de 2021 (Raul Arboleda/AFP)

O único título da técnica sueca com a seleção brasileira foi a Copa América em 2021. Na decisão, a seleção venceu a Colômbia por 1 x 0  diante de mais de 20 mil torcedores presentes no Estádio Alfonso López, na cidade colombiana de Bucaramanga.

Além disso, o Brasil enfrentou a Inglaterra pela Finalíssima Feminina. A partida terminou em 1 x 1, com a seleção jogando muito bem e marcando nos acréscimos do jogo. Contudo, não conseguiu bater a campeã europeia nas penalidades em Wembley.

Biografia de Pia Sundhage

  • Nome completo: Pia Mariane Sundhage
  • Data de Nascimento: 13/02/1960
  • Cidade de nascimento: Ulricehamn, na Suécia
  • Carreira como jogadora: 1977-1996
  • Posição como jogadora: Meia-atacante
  • Carreira como treinadora: 1992-1994 (treinadora-jogadora), 2003-

Curiosidades sobre Pia Sundhage

Pelé Sundhage

Quando ainda garota, Pia jogava num time de meninos de Ulricehamn, sua cidade natal. Apesar de treinar e atuar normalmente em amistosos, ela não podia jogar nas partidas oficiais.

Foi quando Pia virou Pelé. Quer dizer, assim que seu time a chamava, para que passasse como menino e disputasse os jogos “pra valer”. A manobra durou cerca de dois anos antes de ser descoberta.

Pia Sundhage cantando Alceu Valença

Depois de um ano como treinadora da Seleção, a sueca postou um vídeo em suas redes sociais cantado, com uma ótima dicção do português, a música “Anunciação”, de Alceu Valença.

Não foi a primeira vez que a treinadora atacou de cantora. Em abril de 2020, ela postou uma curiosa versão de “Tiro Certo”, de Gusttavo Lima, com inserções de uma musica de Bob Dylan.

Times dirigidos por Pia Sundhage

  • Boston Breakers (2003)
  • Kolbotn Fotball (2004)
  • KIF Örebro DFF (2005–2006)
  • Seleção dos EUA (2008–2012)
  • Seleção Sueca (2012–2017)
  • Seleção Sueca Sub-17 (2018–2019)
  • Seleção Brasileira (2019 – 2023)
  • Seleção Suíça (2023 – Presente)

Títulos de Pia Sundhage

Como jogadora

  • Campeonato Sueco (1979, 1981, 1984, 1989)
  • Copa da Suécia (1981, 1984, 1994, 1995)
  • Eurocopa (1984)
  • Copa Nórdica (1977, 1978, 1979, 1980, 1981)
  • Copa Algarve (1995)

Como treinadora

  • Campeonato Estadunidense/WUSA (2003)
  • Jogos Olímpicos (2008, 2012)
  • Copa Algarve (2008, 2010, 2011)
  • Copa América (2021)

Prêmios de Pia Sundhage

Como jogadora

  • Chuteira de Ouro Eurocopa (1984)
  • Bola de Ouro Eurocopa (1984)
  • Artilheira do Campeonato Sueco (1982, 1983)

Como treinadora

  • Treinadora do Ano FIFA (2012)
  • Treinadora do Ano WUSA (2003)

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