Fale o que quiser do futebol italiano, mas é preciso reconhecer que o seu campeonato produziu alguns dos melhores meias de todos os tempos.
Seja na elegância de Andrea Pirlo ou na habilidade de Roberto Baggio, os meias da Itália deixaram um vasto legado técnico. Atualmente ele é herdado por promessas como Sandro Tonali e Nicolò Zaniolo e seguido por estrangeiros da Serie A, como Papu Gómez e Luis Alberto.
Para homenagear o brilhantismo dos que deixaram os gramados e também reconhecer os que ainda nos encantam dentro deles, montamos duas listas dos melhores meias da Itália.
A primeira é um Top 10 dos grandes meio campistas do Campeonato Italiano atualmente, valendo-se de todas as nacionalidades disponíveis. A segunda é mais “ufanista” e com enormes doses de nostalgia, listando os 10 melhores meias italianos de todos os tempos.
Esses rankings nunca são à prova de polêmicas e tem sempre alguém que fica de fora. Por isso mesmo que contamos com você nos comentários, para concordar, discordar, adicionar, subtrair, substituir e discutir, enfim, sobre os grandes registas do País da Bota.
Os Melhores meias em atividade na Serie A
- Luis Alberto
- Nicolò Barella
- Rodrigo Bentancur
- Marcelo Brozovic
- Papu Gómez
- Sergej Milinković-Savić
- Lorenzo Pellegrini
- Fabián Ruiz
- Sandro Tonali
- Nicolò Zaniolo
Luis Alberto
Como você deve ter notado, a lista dos melhores meias do Campeonato Italiano atualmente está organizada alfabeticamente, só que a partir dos sobrenomes e segundos nomes dos jogadores. Luis Alberto, portanto, é quem a encabeça.
O espanhol chegou na Lazio depois de uma passagem frustrada pelo Liverpool. Na capital, arrebentou: ultrapassando a marca dos 100 jogos na Serie A, distribiu mais de 30 assistências e ainda deixou umas duas dúzias de gols.
Caindo do meio para esquerda, Luis Aberto comandou a criação laziale numa temporada fantástica em 2019/2020, que garantiu a volta do time à Liga dos Campeões depois de meia década.
Nicolò Barella
Nicolò Barella é um daqueles jogadores que não aparecem tanto para as câmeras mas estão em todos os lugares do campo. Seus números de gols e assistências não são tão grandes, mas a sua eficiência é marcante.
Somando as temporadas de 2018/2019 e 2019/2020, sempre esteve acima dos 70% de acerto nos passes no campo de ataque e dos 54% nos lançamentos, além de vencer pelos menos 50% das bolas disputadas no chão.
Barella é, ainda por cima, um jogador muito versátil, atuando em diversas funções do meio-campo. Um meia cheio de fôlego, inteligente e que erra pouco. Um sonho dos técnicos da Serie A.
Rodrigo Bentancur
Rodrigo Bentancur é o ponto de encontro entre a elegante escola uruguaia de meias — que tem como grão-mestre Juan Schiaffino, que também atuou na Itália — e a modernidade exigida para o setor no Campeonato Italiano.
Cria da base do Boca Júniors, Bentancur é um meio campista de enorme personalidade, como comprovado pela titularidade da seleção do Uruguai na Copa do Mundo de 2018 aos 21 anos.
É também dono de um controle de bola preciso e uma ótima visão para a armação. O que o torna um meia moderno é a sua capacidade de usar seus atributos por todos os lados do campo.
Marcelo Brozovic
Marcelo Brozovic é, dessa lista, o mais próximo de um volante “clássico”, em posicionamento, claro.
Com a bola no pé, o croata é um verdadeiro armador, acertando nas temporadas de 2018/2019 e 2019/2020 mais de 85% dos passes em qualquer lugar do campo, seja na defesa, seja no ataque.
Na mesma amostra, dá para dizer que Brozovic é um especialista em lançamentos.
São mais de seis bolas longas certas por partida, que configuram uma média de 80% de acerto de tudo o que tenta, e outros quatro lançamentos certeiros em cada jogo, sob uma eficiência acima dos 65%.
Papu Gómez
Vamos agora ao mais clássico dos meias do Campeonato Italiano. Alejandro “Papu” Gómez é um jogador completo, que aparece para a torcida, para os melhores momentos e nas estatísticas também, além de ser uma figuraça.
O que o argentino vêm jogando na Atalanta é um absurdo. Desde a edição 2016/2017 do Campeonato Italiano, o meia nunca terminou a competição com menos do que 10 assistências. Já são mais de 300 jogos na Serie A e mais de 130 (!) participações diretas em gols.
Só na temporada 2019/2020, Papu marcou deu 16 passes para gols e marcou outros sete e garantiu o prêmio de melhor meia do Campeonato Italiano.
Sergej Milinković-Savić
Sergej Milinković-Savić é um outro belo exemplar de um meio campista moderno. Força, velocidade, habilidade, passe, finalização, colocação, o sérvio tem tudo no seu arsenal.
Por isso mesmo, participa com qualidade de todas as fases do jogo, isto é, defendendo, construindo e finalizando.
Nas estatísticas, tem números de interceptações e cortes similares aos melhores defensores desta lista, assim como o de dribles e de faltas sofridas compatíveis aos grandes armadores. Não é à toa que é assunto em todas as janelas de transferências.
Lorenzo Pellegrini
Lorenzo Pellegrini é um criador de jogadas nato. Alto e esguio, tem um ótimo controle de bola, uma ótima visão de jogo e a técnica necessária para acertar os passes a partir do espaço que ele mesmo cria.
É um jogador para receber, acelerar e encontrar um atacante em boa posição. Em 2019/2020, mais de 70% dos seus passes foram no campo ofensivo. 15 deles criaram grandes chances outros nove foram assistências completas.
Fabián Ruiz
Fabián Ruiz é, para todos os efeitos, um volante. Só que um volante muito ofensivo e irritantemente completo.
É difícil de achar uma falha no seu jogo. No máximo o seu arranque abaixo da média, que no entanto é compensado com uma irreal agilidade para os seus quase 1,90m de altura.
Mesmo o atuando levemente recuado no meio-campo do Napoli, desde 2018 que ele dá mais passes no setor ofensivo do que no próprio campo, e sempre acima dos 85% de eficiência no quesito. Os lançamentos e bolas longas são corretos pelo menos 70% das vezes.
Outro número de Ruiz que chama a atenção é a média de passes imporntes por jogo, que em 2018/2019 foi de 2,3 e em 2019/2020 foi de 1,6.
Sandro Tonali
Tá certo que é sempre arriscado chamar alguém de “novo alguma coisa”, mas as comparações de Sandro Tonali com Andrea Pirlo são cada vez mais justificáveis.
O posicionamento como o homem mais recuado do meio para organizar o jogo é de fato muito similar, mas são a postura dentro de campo e os números que o deixam próximo da produção do grande meia italiano das duas últimas décadas.
A começar pela precocidade de Tonali, já presença recorrente na Seleção Italiana antes dos 20 anos. Depois, suas estatísticas no Campeonato Italiano 2019/2020 são bastante animadoras. Distribuiu sete assistências, criou outras 11 grandes chances e atingiu a média de quase 2 passes-chave por partida.
Nicolò Zaniolo
Finalizamos a lista dos melhores meias do Campeonato Italiano atualmente com mais uma comparação um tanto preciosa. Afinal, Nicolò Zaniolo é chamado de o “novo Totti”, mesmo sendo mais um meio campista do que o antigo craque da Roma.
De fato, seu controle de bola e criatividade não são vistos com tanta facilidade, mas a magnífica visão de jogo ficou só com Totti mesmo. Nos dribles, no entanto, Zaniolo é de fato diferenciado.
Mesmo com 1,90m de altura, é muito ágil e pensa muito rápido. Mesmo sofrendo com lesões na temporada 2019/2020 do Campeonato Italiano, completou mais de dois dribles por partida, fez seis gols, deu duas assistências e criou grandes chances outras nove vezes.
Melhores meias italianos da História
- Carlo Ancelotti
- Giancarlo Antognoni
- Roberto Baggio
- Fabio Capello
- Roberto Donadonni
- Roberto Mancini
- Andrea Pirlo
- Gianni Rivera
- Marco Tardelli
- Gianfranco Zola
Carlo Ancelotti
Quem vê o técnico Carlo Ancelotti, aquele grisalho carrancudo no banco de reservas, mal imagina que ele foi um cracaço de bola.
Jogando um pouco mais recuado e mostrando tanto vigor nos botes como boa visão nos passes, Ancelotti foi peça-chave para diversos títulos de Roma e Milan nos anos oitenta.
Pelo time da capital, levou um Campeonato Italiano e outras quatro Copas da Itália. Pelos rubro-negros de Milão, foram nada menos que 10 taças erguidas, sendo duas da Serie A e outras duas da Liga dos Campeões.
Giancarlo Antognoni
Jogador com mais de 400 jogos pela Fiorentina, Giancarlo Antognoni é até hoje o recordista de jogos na Serie A pela Viola (341 jogos).
Meio-campista de estilo finíssimo com a bola no pé de muita garra sem ela, Antognoni ficou marcado pelo título da Copa do Mundo de 1982, apesar de ter se lesionado na semifinal, e pela enorme idolatria pela torcida da Fiorentina e por toda a cidade de Florença, na verdade.
E olha que ele “só” venceu uma Copa da Itália, em 1975, e uma Copa Anglo-Italiana, também em 75.
Roberto Baggio
Roberto Baggio foi, sem dúvidas, o melhor jogador italiano na década de 1990. Por pouco, quer dizer, por um pênalti, não foi o melhor do mundo inteiro nos anos noventa.
Vencedor da Bola de Ouro do prêmio de Melhor do Mundo da Fifa em 1993, Baggio poderia facilmente ter sido premiado novamente caso a Itália levasse a Copa de 1994 e hoje teria igualado Ronaldo, que foi laureado em 1996 e 1997.
Combinando uma fantástica habilidade com uma visão de jogo surpreendente, Baggio protagonizava lances de pura magia. Venceu dois Campeonatos Italianos, em 1995 e 1996.
Fabio Capello
Fabio Capello é outro da linhagem de bons meio-campistas e grandes treinadores. Um volante técnico, inteligente e consistente, fez 32 partidas pela Seleção Italiana e jogou na Roma, no Milan e na Juventus, conquistando títulos nos três clubes.
Foi na equipe de Turim onde teve maior sucesso, vencendo três campeonatos italianos entre 1971 e 1975.
Roberto Donadonni
Só o fato de jogar no lendário Milan de Arrigo Sacchi dos anos oitenta já vale por si só a vaga nesta lista, mas Roberto Donadoni foi um craque tanto coletivamente quanto individualmente.
Um habilidoso meia-atacante, Donadoni era um motorzinho jogando pelos lados e bastante incisivo quando centralizado. Ganhou tudo e mais um pouco pelo Milan ao lado de lendas italianas como Baresi e Maldini e consagrando os holandeses Guulit e Van Basten.
Entre as principais conquistas da carreira, seis Campenatos Italianos e outras três Ligas dos Campeões.
Roberto Mancini
A elegância que hoje é vista na beira dos gramados é apenas a continuidade que Roberto Mancini demonstrava quando estava dentro deles.
Histórica camisa 10 da Sampdoria, Mancio foi “o cara” da conquista do Campeonato Italiano de 1991, jogando com enorme categoria e um fineza sem precedentes na batida na bola.
Eleito melhor jogador da Serie A em 1997, não tinha um entorno tão à altura na Samp, mas pode fazer a diferença em quatro Copas da Itália. Pela Lazio, conquistou outros seis títulos, sendo mais um scudetto e outras duas Coppa Italia.
Andrea Pirlo
Controle de bola, batida, visão de jogo, entendimento tático, cobrança de faltas, você pode escolher a especialidade de Andrea Pirlo e nunca estará cem por cento certo ou exatamente errado.
Exemplo clássico do jogador que envelhece como um bom vinho, Pirlo simplesmente revolucionou a posição de volante dentro do contexto do futebol moderno. Unindo todo o arsenal técnico descrito acima para sobressair contra adversários cada vez mais fortes, rápidos e compactos.
Como se não bastasse, o meia é um baita de um vencedor. A Copa do Mundo de 2006 é apenas a cereja do bolo de seis Campeonatos Italianos, duas Champions League, um Mundial Interclubes e uma série de Copas Recopas.
Gianni Rivera
Colocado em termos simples: sem Gianni Rivera, não haveria, Baggio, Mancini, Donadoni ou mesmo Del Piero e Totti. O “Garoto de Ouro” definiu o que os italianos chamam de trequartista, o meia criativo e habilidoso que joga entre o meio campo e área adversária.
Um primor técnico, Rivera foi vice da Bola de Ouro em 1963 e a conquistou em 1969. Nesse mesmo ano foi campeão da sua segunda Champions League e do seu único Mundial Interclubes, ambos pelo Milan.
Pelos rossoneros, venceu três scudettos e outras quatro Copas da Itália. Pela Seleção Italiana, pouco pode fazer para evitar que o caminhão chamado “Brasil de 1970” atropelasse a Azzurra na final da Copa do Mundo.
Marco Tardelli
Marco Tardelli não era tão genial como Rivera, mas teve muita melhor sorte em Copas do Mundo que o compatriota.
Sorte não, competência. Foi dele o segundo gol da final da Copa de 1982, contra a Alemanha, e saiu dos pés dele a assistência para o gol de Paolo Rossi que fechou o caixão do Brasil, nas quartas.
E tudo isso sendo algo próximo de um “volantão”. Técnico, vibrante, era um líder dentro de campo, foi peça importante nos cinco títulos do Campeonato Italiano que conquistou com a Juventus.
Gianfranco Zola
A inclusão de Gianfranco Zola é polêmica por dois motivos. A primeira é que o baixinho era tanto meia quanto atacante. Depois, fez a melhor parte de sua carreira na Inglaterra, mais precisamente no Chelsea.
Ainda assim, a “Caixinha Mágica” teve mais de uma década de bola em solo italiano e conquistou um scudetto com o Napoli, em 1990, e uma Copa da UEFA com o Parma em 1995.
Mais do que currículos e anos de serviço, Zola jogou muita bola na Serie A. Em 1992-1993, por exemplo, foi o líder de assistências do Italiano, jogando no Napoli que já não tinha Maradona mas ainda tinha Careca.
E aí? O que achou da lista dos melhores meias do Campeonato Italiano na atualidade? Se gostou, aproveite para alimentar sua paixão por futebol com mais conteúdos:
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*Última atualização em 18 de setembro de 2020
Jornalista formado pela UNESP, foi repórter da Revista PLACAR. Cobriu NBB, Superliga de Vôlei, A1 (Feminino), A2 e A3 (Masculino) do Campeonato Paulista e outras competições de base na cidade de São Paulo. Fanático por esportes e pelas histórias que neles acontecem, dos atletas aos torcedores.