Além de paixão, o futebol na capital da Argentina é também arquitetura. Os estádios em Buenos Aires são tantos e populares que fazem tão parte do dia a dia quanto os ônibus, os bares e os cafés.
Não à toa, a cidade é a que mais os tem no mundo todo. Nos limites da chamada “cidade autônoma”, são 17. Somada toda a região metropolitana, 36. Se considerados, então, todos os campos jogáveis, são para mais de 400.
No texto a seguir, vamos nos limitar a listar e apresentar somente os 17 estádios de Buenos Aires nos limites da capital. Avellaneda, Sarandí e Lanús portanto, ficam de fora. Suas ausências, no entanto, são uma oportunidade para conhecer as construções que fazem os bairros bonaerenses respirar o futebol todos os dias.
Estádios em Buenos Aires
- Claudio “Chiqui” Tapia (Barracas Central)
- Guilhermo Laza (Deportivo Riestras)
- Roberto Larrosa (Sacachispas)
- Arquiteto Ricardo Etcheverri (Ferro Carril Oeste)
- Republica de Mataderos (Nueva Chicago)
- Don León Kolbowski (Atlanta)
- Alfredo Ramos (Comunicaciones)
- Islas Malvinas (All Boys)
- Estadio de Excursionistas (Excursionistas)
- Enrique Sexto (General LaMadrid)
- Diego Armando Maradona (Argentinos Juniors)
- Juan Pasquale (Defensores de Belgrano)
- Adolfo Ducó (Huracán)
- José Amalfitani (Vélez)
- Gasômetro (San Lorenzo)
- Monumental de Nuñez (River Plate)
- La Bombonera (Boca Juniors)
Claudio “Chiqui” Tapia
- Time: Barracas Central
- Localização: Barracas
- Capacidade: 2.700 pessoas
Abrimos a nossa lista de estádios em Buenos Aires com o modesto Claudio “Chiqui” Tapia, a casa do Barracas Central. Se você é mais antenado ao futebol argentino, percebeu que o local tem o mesmo nome do atual presidente da AFA, a Associação do Futebol Argentino.
“Chiqui” foi um atacante da base do Barracas e largou a carreira precocemente antes de virar cartola. Em 2003 assumiu a presidência do clube e foi essencial para a reconstrução financeira da instituição.
O estádio é bem modesto, com arquibancadas baixas e tribunas da imprensa bem localizadas. Não conta com iluminação, mas não tem problema: o time dificilmente chegará aos jogos noturnos da primeira divisão.
Guilhermo Laza
- Time: Deportivo Riestras
- Localização: Villa Soldati
- Capacidade: 3.000 pessoas
Na famosa caminhada da rua Ana María Janer, que leva ao estádio Pedro Bidegain (do qual falaremos mais abaixo), outro pequenino estádio faz parte da paisagem.
O Guilhermo Laza é a casa do Deportivo Riestra, que tem a sede apenas um quilômetro dali. Laza foi um dirigente do clube na época do primeiro dos seus dois títulos oficiais conquistados, a série D de 1953.
Roberto Larrosa
- Time: Sacachispas
- Localização: Villa Soldati
- Capacidade: 4.000 pessoas
A Villa Soldati é lar de mais outro pequeno estádio de Buenos Aires, o Roberto Larrosa. A charmosa casa do Sacachispas é nomeada em homenagem ao presidente de mais de 30 anos do clube e uma figura importante na política de Buenos Aires, morto em 2015.
Foi sob a sua gestão que o time viveu sua época mais estável, ainda que seja na quinta divisão. O máximo que o Sacachispas alcançou foi a Primeiro B, em 2018 e em 2019.
Arquiteto Ricardo Etcheverri
- Time: Ferro Carril Oeste
- Localização: Caballito
- Capacidade: 24.000 pessoas
Você pode nunca ter ouvido falar dele, mas o Arquiteto Ricardo Etcheverri é um dos mais antigos e importantes estádios em Buenos Aires. E um dos maiores também.
A casa do Ferril Oeste — clube duas vezes campeão argentino nos anos oitenta — é um dos únicos estádios originais da cidade, isto é, que nunca foram demolidos ou mudaram de local.
Situado no centro geográfico de Buenos Aires, já recebeu jogos de quase todos os grandes da cidade quando suas casas enfrentavam algum problema momentâneo.
Conhecido como “El Templo de Madera”, o local foi financiado pela venda de jogadores, que por vezes tinham seus passes trocados por materiais de construção — principalmente madeira, é claro.
Republica de Mataderos
- Time: Nueva Chicago
- Localização: Mataderos
- Capacidade: 28.000 pessoas
O Republica de Mataderos é outro dos grandes estádios em Buenos Aires que não são dos mais tradicionais clubes da cidade.
Nomeado em referência ao seu bairro (e ao antigo matadouro de gado que existia no terreno), o local pertence ao Nueva Chicago, fato que o faz ser também conhecido como Nueva Chicago Stadium.
O clube foi fundado nos anos 1910, mas teve suas principais conquistas somente depois de 1980. Foram três títulos da segunda divisão (1981, 2001, 2006).
Don León Kolbowski
- Time: Atlanta
- Localização: Villa Crespo
- Capacidade: 14.000 pessoas
O Atlanta é um dos times de Buenos Aires que podem se vangloriar de ter praticamente uma rua só para ele.
A Humboldt é uma grande via, mas a maior porção dela é ocupada pelo terreno do clube bicampeão da Copa da Argentina, englobando sede social, complexo esportivo e, claro, o estádio.
Batizado em homenagem ao presidente do clube que possibilitou a sua construção, o Don León Kolbowski é curiosamente um dos mais modernos estádios em Buenos Aires, construído em 1960.
Alfredo Ramos
- Time: Comunicaciones
- Localização: Agronomía
- Capacidade: 3.500 pessoas
Localizado dentro do terreno da faculdade Instituto de Agronomía, o estádio Alfredo Ramos é tão modesto quanto o time que hospeda, Club Comunicaciones.
Fundado em 1930 pela empresa estatal de correios e telégrafos (de comunicações, ora), o time tem apenas duas conquistas da Primera C em sua história.
O nome é em homenagem, como é praxe em Buenos Aires, ao presidente do clube que viabilizou junto do presidente Perón o terreno onde hoje ficam estádio e sede social.
Islas Malvinas
- Time: All Boys
- Localização: Monte Castro
- Capacidade: 21.500 pessoas
Que tal ir para as Malvinas…dentro de Buenos Aires? O estádio do All Boys homenageia a soberania argentina com um local bem cuidado e com as arquibancadas todas adornadas com os as cores e símbolo dos clubes.
Também conhecido como Floresta, o Islas Malvinas foi palco da principal conquista do All Boys até hoje, o título da segunda divisão de 1972.
Estadio de Excursionistas
- Time: Excursionistas
- Localização: Bajo Belgrano
- Capacidade: 7.200 pessoas
Este é curiosamente o único estádio de Buenos Aires sem um nome próprio. Pelo menos não oficial. Conhecido como Pampa y Miñones ou mesmo como “O Coliseu do Bajo Belgrano”, é a casa do Club Atlético Excursionistas.
O Excursionistas é um time de pouca expressão mesmo em Buenos Aires, apesar dos mais cem anos de história. O mesmo paralelo dá para ser traçado com o estádio, acanhado, similar a um campo de aluguel, mas com o selo FIFA de qualidade.
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Enrique Sexto
- Time: General Lamadrid
- Localização: Villa Devoto
- Capacidade: 3.500 pessoas
O time nomeado em homenagem a um dos ícones da independência argentina nomeou o estádio como reconhecimento a um dos ícones de seu surgimento.
Enrique Sexto foi o grande articulador da adesão do Lamadrid à AFA. Setenta anos depois, o clube aproveitou a associação para levar dois títulos, o da quarta (2011) e o da quinta divisão (1977).
A casa dos Carceleros é tão simpática quanto acanhada. O campo mede 92m x 67m e as esparsas arquibancadas não passam dos 15 degraus.
Diego Armando Maradona
- Time: Argentino Juniors
- Localização: Villa General Mitre
- Capacidade: 25.500 pessoas
Um dos mais famosos estádios em Buenos Aires, o Diego Armando Maradona está longe de ser uma homenagem póstuma.
Construído em 1940, a casa do Argentino Juniors foi rebatizada em 2003 para honrar a cria do Semillero del Mundo que virou um dos maiores jogadores da história do futebol.
O novo nome trouxe sorte. O time conquistou, em 2010, o terceiro título nacional de sua história, encerrando uma fila de 25 anos.
Juan Pasquale
- Time: Defensores de Belgrano
- Localização: Nuñez
- Capacidade: 10.000 pessoas
Existe no bairro de Nuñez um estádio complicado, considerado um dos “mais difíceis do país” e casa de uma centenária equipe de Buenos Aires. Se você chutou o Monumental, do River Plate, errou.
Estamos falando do Juan Pasquale, o “ninho do Dragão” do Defensores de Belgrano, nomeado em homenagem ao fundador, jogador e presidente do clube.
Localizado dentro do maior complexo esportivo da capital e muito próximo da casa do River, o estádio tem uma arquitetura voltada para a pressão. Torcedores próximos do campo, arquibancada com um “teto” que concentra a fumaça do sinalizador, alambrado com arame farpado, enfim, o pacote completo.
Adolfo Ducó
- Time: Huracán
- Localização: Parque Patricios
- Capacidade: 48.300 pessoas
Lar de um dos mais tradicionais times da Argentina o estádio Tomás Adolfo Ducó não é chamado de El Palacio à toa.
É uma construção vistosa, em especial em seu exterior. Chamam a atenção a fachada, que mais se assemelha a uma mansão, e a grande torre com antenas de rádio que serve com uma espécie de “totem”.
A casa do Huracán foi inaugurada quarenta anos depois da fundação do clube. Perdeu, assim, o momento mais vencedor do seu proprietário, ali nos anos 1920. Pelo menos viu um título argentino (1973) e outro da Copa da Argentina (2014).
Uma curiosidade: esteve entre as locações do ótimo “Segredo dos seus olhos”, filme argentino vencedor do Oscar em 2009. Nele, foi rodada uma sequência que encena uma partida entre Huracán e Racing — e uma ótima perseguição pelas partes interiores do estádio.
José Amalfitani
- Time: Vélez Sarsfield
- Localização: Liniers
- Capacidade: 50.000 pessoas
Conhecido como o “Forte de Liniers”, o José Amalfitani é um dos maiores estádios em Buenos Aires.
É a casa tanto do Vélez Sarsfield, clube que experimentou a maior parte do seu sucesso nos anos 1990, quanto do Los Pumas a tradicionalíssima Seleção Argentina de Rugby. O nome homenageia o presidente de mais de 30 anos do Vélez, uma lenda da cartolagem hermana.
O que chama atenção na sua arquitetura é o seu arco superior, que “espicha” a arquibancada e da o tom do “Forte”. Foi resultado de uma expansão do estádio no fim dos anos setenta.
Gasómetro
- Time: San Lorenzo
- Localização: Boedo/ Villa Soldati
- Capacidade: 48.000 pessoas
Se você quiser conhecer o estádio do San Lorenzo, terá de ir em dois lugares diferentes em Buenos Aires.
O local de fato fica no bairro de Villa Soldati, a pouquíssimos metros da casa do Deportivo Riestra. É onde fica o Pedro Bidegain, presidente do clube nos anos 30, também conhecido como Nuevo Gasómetro. Foi onde o time conquistou a Libertadores de 2013.
Agora o local de direito fica no bairro de Boedos, o mesmo da origem do clube. Lá ficava o que hoje é conhecido como Viejo Gasómetro, casa do Ciclón por mais de 60 anos e que foi substituído por um insólito supermecado. E que voltará a existir.
Durante os anos de chumbo da Argentina, o governo fez uma manobra que obrigou o clube a ceder o terreno do Gasómetro e obrigou o time a perambular pela cidade por mais de 20 anos até voltar a ter um lar.
No entanto, entre 2012 e 2013 as movimentações de reparação histórica do Estado permitiram que o San Lorenzo readquirisse o terreno de Boedos. O plano agora é a triunfante volta do Viejo Gasómetro.
Monumental de Nuñez
- Time: River Plate
- Localização: Belgrano
- Capacidade: 70.000 pessoas
O nome oficial do maior entre os estádios em Buenos Aires é Americo Vespucio Liberti. Mas “Monumental” é uma descrição tão precisa que passou a ser o nome principal da casa do River Plate.
O tal do Americo, se você estiver se perguntando, foi o presidente do clube no início da construção, que terminou em 1938.
Outra coisa que você deve estar se questionando é o “Belgrano” ali em cima na localização. Pois é. Apesar de muito perto do bairro de Nuñez, o Monumental fica tecnicamente no bairro de Belgrano. E a casa do Defensores de Belgrano fica em Nuñez. Vai entender…
O estádio foi palco de uma infinidade de títulos do River, que é o maior campeão nacional do país. O mais importante, porém, foi da Seleção Argentina: a Copa do Mundo de 1978.
La Bombonera
- Time: Boca Juniors
- Localização: La Boca
- Capacidade: 54.000 pessoas
La Bombonera pode até ser o estádio do Boca Juniors, mas é um patrimônio do futebol argentino. A sua mística, a energia que emana das suas altas e íngremes arquibancadas são a referência para o que é (ou deve ser) a torcida no futebol sul-americano.
Contrasta com toda a sua pompa a curiosa origem do seu nome. Com espaço reduzido de construção no terreno, o arquiteto responsável estava ponderando suas opções até topar com uma bela caixa de bombons.
Tamanha foi a inspiração que o apelido pegou mais que o nome oficial, que por acaso é Alberto José Armando. A homenagem, se você nos acompanha desde o começo do texto, é óbvia: um ex-presidente do clube.
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Jornalista formado pela UNESP, foi repórter da Revista PLACAR. Cobriu NBB, Superliga de Vôlei, A1 (Feminino), A2 e A3 (Masculino) do Campeonato Paulista e outras competições de base na cidade de São Paulo. Fanático por esportes e pelas histórias que neles acontecem, dos atletas aos torcedores.