Nathalie Moellhausen é possivelmente uma das maiores esgrimistas brasileiras de todos os tempos. E olha que nem no Brasil ela nasceu.
Italiana filha de um alemão com uma brasileira, Nathalie passou a competir com a bandeira verde e amarela no capacete só ao fim da carreira. O que não a impediu de conseguir os dois melhores resultados da história do esporte no país.
No texto a seguir, explicamos toda a trama internacional de Nathalie Moellhausen, listamos seus títulos, contamos sua história, enfim, trazemos tudo o que você precisa saber sobre a esgrimista ítalo-brasileira.
Quem é Nathalie Moellhausen?
Nathalie Moellhausen é uma esgrimista ítalo-brasileira. Nascida no dia 1 de dezembro de 1985, compete pela Confederação Brasileira de Esgrima (CBE) desde 2015. Antes, atuava pela Itália.
Em pouco tempo como uma atleta do Brasil, Nathalie se destacou ao conquistar dois dos melhores resultados da história no esporte do país: o título mundial, em 2015, na Hungria, e as quartas de final na Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro.
A ítalo-brasileira compete na categoria espada, uma das mais difíceis da esgrima, seja pelas dimensões da arma, seja pelas inúmeras possibilidades de pontuação. O que, claro, ela tira, de letra.
Onde nasceu Nathalie Moellhausen?
Nathalie Moellhausen nasceu em Milão, na Itália. Filha do alemão Philippe Moellhausen e da ítalo-brasileira Valeria Ferlini, conseguiu a cidadania brasileira em 2013, aos 28 anos.
Biografia de Nathalie Moellhausen
Nathalie Moellhausen nasceu na Itália, mas sempre teve um pé no Brasil. Até os 12 anos, viajava a São Paulo pelo menos uma vez por ano com a mãe, a estilista paulistana (naturalizada italiana) Valeria Ferlini.
Além de visitar primas e tias na capital paulista, Nathalie passou boa parte da infância nas aulas de esgrima. A tradição do esporte na Itália é tamanha que ele é ensinado nas escolas desde cedo.
O primeiro contato da ítalo-brasileira com a esgrima foi aos cinco anos. A facilidade da menina com as armas era clara. Tanto que, aos 15 anos, Nathalie Moellhausen entrou para a disputadíssima seleção italiana.
Aos 20, mudou-se para Paris para treinar com o conceituadíssimo mestre Daniel Levavasseur. Com 22 já era campeã europeia; com 24, campeã mundial (ambas as vezes por equipe). Dali em diante, foram mais seis medalhas conquistadas em seis anos de Mundiais e Campeonatos Europeus.
A esgrima sempre foi a grande e bem-sucedida parte da vida de Nathalie, mas não a única. A veia artística da filha de uma respeitada estilista sempre esteve presente. Tanto que desde meados de 2010 a esgrimista passou a dividir seu tempo entre o esporte e trabalhos de direção e divulgação artística.
Por um tempo, este começou a ganhar mais força que aquele e ao fim da Olimpíada de Londres, em 2012, Nathalie Moellhausen deu uma breve pausa na carreira para dedicar-se à nova profissão. Chegou a ser a responsável pelo evento dos cem anos da Federação Internacional da Esgrima.
Na vida fora da esgrima, Nathalie chegou a modelar e até a cursar filosofia na Universidade de Sorbonne. Mas em 2014 veio um convite que não foi possível recusar: fazer parte da esgrima do Brasil
História de Nathalie Moellhausen na esgrima do Brasil
A “paquera” da Confederação Brasileira de Esgrima (CBE) com Nathalie Moellhausen já era antiga. O convite feito no fim de 2014 foi quase uma burocracia, já que as conversas estavam bastante avançadas.
Até porque, além da forte ligação com o Brasil, a esgrimista tinha perdido espaço no cenário europeu após a sua pausa pós-Londres 2012. Fora que seguia em plena forma, não tendo perdido um só treino no seu período, digamos, sabático.
Como Nathalie Moellhausen começou na esgrima do Brasil?
Nathalie Moellhausen começou na esgrima do Brasil como uma atleta do Clube Pinheiros, principal referência do esporte no país. Mas seguia morando em Paris, viajando para as competições e pisando nas terras brasileiras a cada dois meses, mais ou menos.
O grande foco de Nathalie e CBE eram as competições internacionais. Auxiliava o fato da atleta já ter a pontuação necessária para a Olimpíada de 2016, sem precisar ficar com as vagas de país-sede.
Mas a esgrimista fez sua estreia um ano antes dos Jogos do Rio. E com estilo, vencendo o Campeonato Pan-Americano, em abril, e depois ficando com o bronze nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile.
O desempenho no ano pré-olímpico foi uma mostra do que Nathalie Moellhausen poderia fazer pela esgrima do Brasil. Não conseguiu medalhar nos Jogos do Rio, mas fez algo grandioso: alcançou as quartas de final, o melhor resultado de um esgrimista brasileira.
O pós-Olímpico que não foi muito agradável. Em 2017, terminou o Mundial na décima oitava posição; em 2018, perdeu o pai e tirou mais alguns meses sabáticos, dedicados novamente à direção artística da Federação Internacional de Esgrima.
A fase, o luto, a pausa, tudo acabou fazendo mais bem do que mal para Nathalie. Tanto que a esgrimista voltou às pistas em 2019 com tudo. Primeiro beliscando novamente o bronze dos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru.
Logo em seguida, ainda em 2019, fez história novamente.
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Nathalie Moellhausen, a Campeã Mundial de Esgrima
Por conta da baixa classificação na edição de 2017 (18ª) e principalmente o ano parado em 2018, Nathalie Moellhausen começou o Mundial como uma zebra, partindo desde a primeira etapa classificatória.
A ítalo-brasileira foi avançando sem muito alarde, vencendo suas cinco partidas antes de entrar na fase final, com as 64 melhores do mundo.
Nela, apesar do maior equilíbrio das partidas, a esgrimista também avançou sem grandes perigos às quartas de final. Teve de vencer a chinesa Zhu Mingye e a italiana Alberta Santuccio para chegar lá. E começou a fazer a história.
Ao vencer, com direito a ponto de ouro, um emocionante duelo com a luxemburguesa Lis Rottler-Fautsch, Nathalie Moellhausen tornou-se a primeira esgrimista do país a garantir aos menos um pódio do Mundial.
Nas semis, não houve nada de emoção. Nathalie dominou Kong Vivian, de Hong Kong, de cabo a rabo, terminando a partida com a autoridade de um 15 a 11. A final contra Lin Sheng que não foi nada fácil.
Ao fim dos nove minutos de partida, a igualdade em 12 a 12 levou a decisão para o tempo extra. Com cerca de 40 segundos restando no relógio, nossa esgrimista conseguiu o toque. E desabou.
O título mundial trouxe reconhecimento nacional à Nathalie Moellhausen e a todo o esporte. Nas Olimpíadas de Tóquio, acabou não tendo muito sucesso, perdendo em seu primeiro combate.
Para Paris 2024, a esgrimista se garantiu cedo para a disputa e vai tentar a medalha inédita para o Brasil.
Medalhas e títulos de Nathalie Moellhausen
- Mundial de Esgrima – Individual (2019)
- Mundial de Esgrima – Equipes/Itália (2009)
- Campeonato Europeu de Esgrima – Equipes/Itália (2007)
- Pan-Americano de Esgrima – Individual (2015)
- Campeonato Europeu de Esgrima – Equipes/Itália – Prata (2009)
- Jogos Pan-Americanos – Individual – Bronze (2015, 2019)
- Jogos Pan-Americanos – Equipes – Bronze (2015)
- Mundial de Esgrima – Individual/Itália – Bronze (2010)
- Mundial de Esgrima – Equipes/Itália – Bronze (2011)
- Campeonato Europeu de Esgrima – Equipes/Itália – Bronze (2011)
Curiosidades sobre Nathalie Moellhausen
- Em 2010, Nathalie Moellhausen fez uma jornada dupla no Mundial de Esgrima. Foi competidora e diretora de arte da abertura. A cerimônia foi um sucesso e Nathalie ficou com o bronze.
- Esse tipo de divisão de tarefas é uma das características marcantes de Nathalie. Seguindo como atleta, ela organizou um calendário com esgrimistas de todo o mundo, para angariar fundos para maior investimento no esporte.
- Além de esgrimista e diretora de arte, Nathalie Moellhausen é modelo, tendo desfilado em passarelas e até fotografada em editoriais de grandes revistas.
- Ah! Ela também é uma filósofa cursada pela conceituada Universidade de Sorbonne.
- Nathalie Moellhausen tem uma tatuagem no pulso esquerdo em homenagem ao pai, que faleceu em 2018. Ela beija a arte ao fim de cada partida de esgrima.
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Jornalista formado pela UNESP, foi repórter da Revista PLACAR. Cobriu NBB, Superliga de Vôlei, A1 (Feminino), A2 e A3 (Masculino) do Campeonato Paulista e outras competições de base na cidade de São Paulo. Fanático por esportes e pelas histórias que neles acontecem, dos atletas aos torcedores.