A escalada esportiva se distingue da escalada tradicional, que envolve riscos maiores e exige a colocação de equipamentos de proteção temporários pelo líder durante a subida.
A escalada esportiva, com sua abordagem mais segura, tem contribuído significativamente para o crescimento acelerado da modalidade competitiva, que fez sua estreia nos Jogos Olímpicos de Verão de 2020.
Confira tudo sobre escalada esportiva a seguir.
Tudo sobre escalada esportiva: história
Na década de 1980, os principais escaladores começaram a testar os limites dos dispositivos de proteção convencionais.
À medida que procuravam desafios em paredes de rocha mais lisas e sem as fendas habituais para proteção, a necessidade de inovação se tornou evidente.
Na França, pioneiros como Patrick Berhault e Patrick Edlinger começaram a instalar parabolts permanentemente nas paredes de calcário de Buoux e no desfiladeiro de Verdon, criando um novo padrão de segurança.
Essas rotas passaram a ser conhecidas como “rotas de escalada esportiva”, distinguindo-se da escalada tradicional por não exigir os mesmos métodos de proteção arriscados.
Entre os primeiros exemplos dessa modalidade está a rota Pichenbule 7b+ (5.12c), aberta em 1980.
Escalada nos Estados Unidos
Na mesma época, em Smith Rocks, nos Estados Unidos, o escalador Alan Watts começou a instalar parabolts pré-perfurados em rotas, marcando o início da escalada esportiva americana.
Entre as primeiras rotas que ele criou estão Watts Tot 5.12b (7b) e Chain Reaction 5.12c (7b+), ambas abertas em 1983.
Escalada na Europa
A escalada esportiva se espalhou rapidamente pela Europa, ganhando destaque na França e na Alemanha, graças a escaladores pioneiros como o alemão Wolfgang Güllich e os irmãos franceses Marc e Antoine Le Menestrel.
No Reino Unido, a aceitação da instalação de parabolts em rochas naturais foi mais lenta. Escaladores britânicos como Jerry Moffatt e Ben Moon precisaram se deslocar para a França e Alemanha para se adaptar às novas práticas.
Com o tempo, esses escaladores começaram a estabelecer novos padrões de graduação que superavam as marcas tradicionais. A aceitação do uso de parabolts nas áreas de escalada ao ar livre se consolidou tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.
A polêmica dos parabolts
O debate sobre a ética de fixar parabolts metálicos permanentes em rochas naturais continua a ser uma questão central no movimento por uma escalada mais sustentável.
Enquanto muitas áreas de escalada adotaram o uso de parabolts como uma prática comum, outras preferem manter uma abordagem mais tradicional.
Um exemplo é Clogwyn Du'r Arddu, no Reino Unido, onde apenas técnicas de escalada tradicional são permitidas, e a instalação de parabolts é estritamente proibida.
Equipamentos
- Mosquetões express: Além dos equipamentos básicos como corda, dispositivo de segurança, arnês e sapatilhas de escalada, os mosquetões express desempenham um papel crucial. Eles facilitam a fixação da corda aos parabolts, minimizando o atrito e garantindo uma escalada mais segura.
- Parabolts: Parabolts, que são fixações permanentes, podem deteriorar-se ao longo do tempo, especialmente em áreas costeiras devido à exposição ao sal. Os parabolts de titânio, embora altamente duráveis, são caros e mais adequados para uso esporádico. Já os parabolts de aço inoxidável de qualidade inferior têm uma vida útil estimada de 20 a 25 anos.
Sistemas na escalada
Na escalada esportiva, a segurança proporcionada pelos parabolts elimina os riscos associados às vias tradicionais, permitindo que a classificação das rotas se concentre exclusivamente na dificuldade técnica.
Essa dificuldade é medida pela complexidade dos movimentos físicos exigidos para completar a escalada, sem a necessidade de adicionar uma classificação de risco.
Diversos sistemas de classificação são utilizados globalmente para rotas de escalada esportiva. O sistema francês classifica as rotas em graus como 6b, 6c, 7a, 7b, e 7c.
Nos Estados Unidos, o sistema americano usa notações como 5.9, 5.10a, 5.10b, 5.10c, e 5.11a. Na Alemanha e em partes da Europa Central, o sistema UIAA é comum, com classificações que vão de VI a X.
Além disso, o sistema australiano, conhecido como sistema Ewbank, ainda é amplamente utilizado, com classificações como 22, 23, 24, 25, e 26.
Escaladores de destaque
Na evolução da escalada esportiva, algumas figuras de destaque emergiram em diferentes décadas, moldando o esporte com suas conquistas.
Nos anos 1980, Wolfgang Güllich foi um dos escaladores masculinos mais influentes, seguido por Chris Sharma na década de 2000. Na década de 2010, Adam Ondra, da República Tcheca, consolidou seu status como um dos maiores nomes do esporte.
Esses atletas desempenharam um papel crucial na definição das graduações e no desenvolvimento da escalada esportiva.
Entre as mulheres, a década de 1980 viu o destaque de Lynn Hill e Catherine Destivelle. Nos anos 2000, Josune Bereziartu se destacou, enquanto na década de 2010, a austríaca Angela Eiter se tornou uma das líderes da modalidade.
Entre os grandes escaladores de todos os tempos, Adam Ondra, Lynn Hill e Angela Eiter se destacaram tanto na escalada de competição quanto na escalada esportiva.
Por outro lado, Wolfgang Güllich, Chris Sharma e Josune Bereziartu escolheram se concentrar na escalada não competitiva ou se afastaram das competições para seguir seus próprios caminhos dentro do esporte.
Diferenças entre a escalada de competição, escalada tradicional, escalada livre em rocha e escalada esportiva
A escalada esportiva é uma modalidade que se caracteriza pela escalada livre em rocha, utilizando parabolts permanentes previamente instalados para garantir a segurança durante a subida.
Esta prática é realizada em duplas: o escalador líder fixa a corda aos parabolts com mosquetões e costuras, enquanto o segundo escalador remove essas costuras à medida que sobe.
Diferente da escalada tradicional, onde o líder precisa instalar equipamentos de proteção temporários na rocha, a escalada esportiva oferece um nível superior de segurança.
É importante distinguir a escalada esportiva da escalada livre solo, onde não se utiliza proteção alguma.
Além disso, a escalada de competição, que inclui três disciplinas distintas – guiada, boulder e velocidade – também é frequentemente chamada de “escalada esportiva”.
No entanto, no universo da escalada, muitos praticantes preferem separar a escalada livre em rocha da escalada de competição, considerando a escalada esportiva como a prática em rocha, e não a competição olímpica.
Escalada esportiva nos Jogos Olímpicos
A escalada esportiva, com seu enfoque na segurança proporcionada pelos parabolts permanentes, tem impulsionado significativamente o crescimento da escalada de competição.
Esta modalidade fez sua estreia nas Olimpíadas de Verão de 2020 e inclui três disciplinas distintas:
- Escalada guiada: Uma forma de escalada esportiva que utiliza parabolts fixos para proteção.
- Boulder: Escalada em paredes de menor altura, sem o uso de parabolts, onde a proteção é feita com colchões de segurança no chão.
- Escalada de velocidade: Uma competição cronometrada em paredes de escalada sem parabolts, porém com proteção superior.
Competições de escalada esportiva
Na história da escalada competitiva, a escalada esportiva ganhou destaque na década de 1980 devido à sua natureza segura e ao crescente interesse em competições.
Eventos marcantes, como o Campeonato Internacional de Escalada Esportiva de 1988, desempenharam um papel crucial nesse crescimento.
Este campeonato reuniu grandes nomes da época, incluindo Patrick Edlinger, Jean-Baptiste Tribout, Ron Kauk e John Bachar, consolidando a escalada esportiva como uma modalidade de destaque no cenário competitivo.
Apoio da IFSC na escalada esportiva
Até o final da década de 1990, a regulamentação e organização das competições internacionais de escalada passaram a ser responsabilidade da UIAA e, posteriormente, da Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC).
A IFSC instituiu eventos de grande porte, como a Copa do Mundo de Escalada e os Campeonatos Mundiais de Escalada, realizados bienalmente.
A escalada competitiva abrange três modalidades principais: escalada esportiva, que inclui a escalada de liderança em competições; escalada em boulder; e escalada em velocidade, cada uma com suas próprias regras e formatos.
Repórter no Esportelândia. Licenciado em Literatura Inglesa. Jornalista com passagens por Quinto Quarto, Blog de Escalada, Minha Torcida, Futebol Interior e Techpost. Está no Esportelândia desde 2022.