Se formos falar de marketing, a empreitada da Red Bull na Fórmula 1 é um sucesso. A marca está tão naturalizada na categoria que a gente mal repara que ela é, entre as donas de equipes, a única empresa — a Longbow Finance, da Alfa Romeo, é uma instituição financeira — cujo produto não é relacionado ao mercado automobilístico.
Agora, se formos falar questões desportivas, a escuderia da empresa de energéticos é, bom, um sucesso também. São apenas 15 anos de competição e já quatro títulos mundiais de pilotos e outros quatro de construtores.
Essa dobradinha de consolidação de mercado e glórias nas pistas define bem o que é a Red Bull na Fórmula 1. É um investimento que vai além de um outdoor de quatro rodas. São duas equipes de corrida que buscam resultados para além do pódio.
É dessa dobradinha também que se trata este texto. A seguir, vamos contar a história de uma marca que acirrou a disputa nas corridas, que contribui com a categoria desde antes de ser uma competidora e que se tornou, enfim, uma das imagens definidoras da Fórmula 1.
A história da Red Bull na Fórmula 1
A história da Red Bull na Fórmula 1 começa em 1989, com o patrocínio do piloto Gerhard Berger, naquele ano correndo pela Ferrari.
A empresa tinha sido fundada apenas dois anos antes, em 1987, baseada no que era um produto completamente novo, a bebida energética.
A associação com a velocidade pode parecer clara, mas na época a ideia era se estabelecer entre os outros produtos “maneiros” que também patrocinavam a categoria, como cigarros e óculos escuros.
Em 1995, a Red Bull passou a patrocinar a Sauber, naquele que foi o ano seguinte à morte de Ayrton Senna.
A parceria durou até 2004, com o logotipo dos dois touros em destaque logo acima do motor e com a marca se aproveitando da exposição de alguns bons pilotos como Felipe Massa, Kimi Räikkönen e Giancarlo Fisichella.
Os parcos resultados da equipe — nenhuma vitória em GP, um 4º no Mundial de Construtores e um 8º no de Pilotos, ambos em 2001 —, motivaram a empresa de Dietricht Mateschitz a mudar seus investimentos.
Em 2004, seguindo uma estratégia global de expansão agressiva — que resultou, por exemplo, no primeiro clube de futebol da empresa, o Red Bull Salzburg — a Red Bull adquiriu a Jaguar Racing e montou sua primeira equipe de Fórmula 1, a Red Bull Racing.
A estreia da RBR foi no GP da Austrália, em 2005, e o primeiro pódio foi no GP de Mônaco, em 2006, com o terceiro lugar de David Coulthard. O veterano escocês era o principal piloto do time. No seu currículo, 13 vitórias e um vice-campeonato em 2001.
O crescimento da Red Bull Racing e a Toro Rosso
A Red Bull Racing seguiu como uma equipe em transição até 2008, de resultados medianos mas de crescimento dentro da categoria.
Em 2007 a Renault assume motor da Red Bull na Fórmula 1. Também é lançado o primeiro grande carro desenhado pelo lendário engenheiro Adrian Newey.
Não à toa, a construtora consegue mais um pódio, dessa vez com o 3º lugar de Mark Webber no GP da Europa, e o 5º lugar na competição de construtores.
No ano seguinte, mais transformações e mais passos à frente. Enquanto Coulthard fazia o último ano de sua carreira e Webber conquistava mais um pódio, um jovem Sebastian Vettel conquista a primeira vitória da empresa na Fórmula 1.
Isso mesmo, a empresa, até porque a escuderia vitoriosa era a Toro Rosso (a atual AlphaTauri), uma espécie de satélite da RBR, criado pela Red Bull ainda em 2006.
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Os títulos da Red Bull na Fórmula 1
Vettel foi imediatamente “pinçado” para a Red Bull Racing e já em 2009 começou fazendo história. Com quatro vitórias de GP e mais três pódios, foi o mais jovem piloto a sagrar-se vice-campeão da Fórmula 1.
Se beneficiando do talento do alemão e de uma mudança no regulamente técnico — e do gênio de Adrian Newey nos laboratórios —, a equipe dos energéticos subiu muito de produção.
O vice de Vettel foi acompanhado pela quarta colocação de Webber, com duas vitórias e outros seis pódios, fora o vice das construtoras para a RBR.
Dali em diante, a Red Bull começou a chocar o mundo do automobilismo, dominando a Fórmula 1 entre 2010 e 2013, com direito ao tetracampeonato de Sebastian Vettel e três terceiras colocações para Mark Webber.
A marca Red Bull na Fórmula 1
Os anos de domínio da Red Bull na Fórmula 1 foram e ainda são refletidos na construção da marca dentro da categoria.
No ano seguinte do tetra de Vettel, a RBR chegou a ser o maior investimento do grid, com aproximadamente R$ 1 bilhão, o que não necessariamente resultou em vitórias. Pelo contrário: a empresa viu a Mercedes começar a sua hegemonia no pódio.
Mesmo com a derrota, o “estrago” já estava feito. Em pesquisa feita em 2015, a Red Bull foi eleita a marca mais atrelada à Fórmula 1, ultrapassando gigantes e tradicionais das pistas como a Marlboro, que foi por muito tempo a grande patrocinadora, e a própria Ferrari, talvez a grande marca da categoria.
Concomitantemente, a saída de Vettel ao fim de 2014 e as vitórias da Mercedes em sequência da Mercedes acabaram por derrubar a empresa de energéticos do topo.
Somando a isso a diminuição do bônus para a equipe e a manutenção da alta grana bancada, houve um momento em que a Red Bull ameaçou sair da Fórmula 1.
Pipocaram análises de como isso seria um total desastre: pelo tamanho do investimento, por toda a estrutura montada e pelo fato de que seriam dois times deixando o grid, a RBR e que Toro Rosso.
As coisas, no entanto, se assentaram. Em 2018, mesmo ano em que a RBR inicia sua parceria com montadora Aston Martin, a Red Bull conseguiu o maior lucro da temporada, acima de US$ 10 milhões.
Depois, mesmo com uma leve desvalorização e mesmo sem ter reconquistado o topo da competição, a marca se consolidou como a terceira marca mais valiosa da Fórmula
A Red Bull é a terceira marca mais valiosa da Fórmula 1 e a 3ª equipe da maior valor agregado também. Nada mal para uma empresa que quer ganhar, mas também se inserir — e agora no caso se manter — entre as gigantes.
A Red Bull na Fórmula 1 e a revolução no marketing esportivo
Lembra da dobradinha de resultados esportivos e financeiros? Ela acabou por revolucionar o marketing esportivo e, por consequência, mudar um pouco o rumo dos esportes.
A empresa de Dietricht Mateschitz não inventou nada, tampouco mostrou a importância do investimento em publicidade. O que ela fez, no entanto, foi revigorar o marketing com ativos.
O dinheiro gasto para manter uma equipe de corrida ou de futebol pode até ser maior do que para colocar para estampar um carro na TV, mas o retorno é infinitamente maior, e o melhor: é contínuo.
Fora que a grana não é necessariamente maior. É só perguntar para Gene Haas, chefe da Haas F1, a caçula Fórmula 1, que afirmou ter posto um time no grid porque era a maneira mais econômica de fazer a sua marca de montagem industrial ser conhecida.
Num molde diferente mas com a mesma lógica, várias empresas passaram a se associar de maneira mais íntima com clubes de futebol, isto é, indo além do patrocínio. Dá para citar o Manchester City e a Etihad, uma parceria que em 2021 chega a 10 anos ou mesmo a da Crefisa com o Palmeiras, que transformou o time brasileiro na metade da década de 2010.
Jovens pilotos e a importância da AlphaTauri
A ideia por trás do marketing de ativos não é só a publicidade contínua mas a oportunidade de, junto do projeto, crescer a marca e inseri-la dentro da comunidade desses ativos.
Se a meta “pega”, a empresa faz não só uma base de consumidores como consegue quem leve adiante a imagem feita, para além até dos círculos sociais investidos. Um cara que gosta de corrida não gosta só de corrida, e pode beber ou falar da Red Bull em outros lugares.
A mesma lógica está imputada no desenvolvimento de jovens atletas, que é visto em todos os esportes bancados pela companhia. Vettel, por exemplo, por mais que tenha saído da RBR, sempre será lembrado como uma revelação da Red Bull.
O investimento da empresa em promessas do automobilismo, aliás, começa antes mesmo do time. Em 2001 já era tocado um projeto de formação de jovens pilotos, e para além da Fórmula 1.
Ricciardo, Gasly, entre outros, foram descobertos e tiveram seu crescimento auxiliado pela marca. E podem dar, novamente, retornos igualmente financeiros e desportivos. É só ver o que Max Verstappen tem feito nas corridas com o carro da RBR. O holandês é “cria” da Toro Rosso, agora a AlphaTauri.
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*Última atualização em 15 de novembro de 2023
Jornalista formado pela UNESP, foi repórter da Revista PLACAR. Cobriu NBB, Superliga de Vôlei, A1 (Feminino), A2 e A3 (Masculino) do Campeonato Paulista e outras competições de base na cidade de São Paulo. Fanático por esportes e pelas histórias que neles acontecem, dos atletas aos torcedores.