Quem é Bubba Wallace?
Darrell “Bubba” Wallace Jr. é um piloto que compete na Nascar Cup Series, a principal das três categorias da Nascar. Ele nasceu em 8 de outubro de 1993, em Mobile, no estado do Alabama, justamente onde aconteceram atos racistas contra ele, o único piloto negro da modalidade de automobilismo mais popular entre o público norte-americano.
Desde 2017, Bubba Wallace dirige o Chevrolet Camaro ZL1 1LE número 43 da equipe Richard Petty Motorsports. Ele disputou a Xfinity Series e a Gander RV & Outdoors Truck Series, outras duas categorias da Nascar.
Até hoje, sua melhor colocação na Cup Series foi um segundo lugar. Ele passou a exercer um papel de mais destaque na história da Nascar ao liderar o movimento contra o racismo na tradicional categoria.
Conheça mais detalhes da luta de Bubba Wallace pelos direitos dos negros nos Estados Unidos.
Bubba Wallace e a proibição da bandeira confederada na Nascar
No início de junho de 2020, Bubba Wallace solicitou à Nascar que proibisse o uso da Bandeira Confederada em suas corridas, devido às suas conexões históricas com a escravidão e o racismo nos Estados Unidos.
A Nascar atendeu ao pedido e implementou a proibição do uso da bandeira por espectadores em todas as suas provas. Em 10 de junho, a associação anunciou que a exibição da bandeira confederada seria proibida em seus eventos e propriedades, visando criar um ambiente acolhedor e inclusivo para todos os fãs, competidores e membros da indústria.
Bubba Wallace celebrou a decisão da Nascar e reafirmou seu compromisso em combater símbolos associados ao racismo, declarando: “Meu próximo passo é me livrar de todas as bandeiras confederadas.”
No entanto, a proibição da bandeira não foi unanimemente aceita pela comunidade da Nascar. O piloto Ray Ciccarelli expressou discordância em relação à decisão e enfrentou críticas e ameaças nas redes sociais. Ele esclareceu que não estava defendendo a bandeira confederada, mas sim reconhecendo a controvérsia e os sentimentos divergentes associados a ela.
Menos de duas semanas após o anúncio da Nascar, ocorreram protestos perto do Circuito de Talladega, no Alabama, onde uma corrida estava programada. Manifestantes realizaram uma carreata exibindo a bandeira confederada, enquanto um avião sobrevoou o local com a mesma bandeira, acompanhada de uma mensagem solicitando que o governo dos Estados Unidos interrompesse o financiamento à Nascar.
A controvérsia em torno da bandeira confederada destacou-se como um episódio que transcendeu o esporte em Talladega.
Investigação do FBI sobre ato racista contra Bubba Wallace
No mesmo dia em que diversas pessoas desfilaram com a bandeira confederada do lado de fora do Circuito de Talladega, o piloto Bubba Wallace sofreu uma ameaça de morte. Em sua garagem, foi colocada uma corda amarrada como uma forca, em clara alusão ao enforcamento, forma cruel como milhares de negros foram assassinados durante o período de segregação racial nos Estados Unidos.
“O desprezível ato de racismo e ódio de hoje me deixa incrivelmente triste e serve como um lembrete doloroso de quanto mais temos que ir como sociedade e quão persistentes devemos ser na luta contra o racismo. Nada é mais importante e não será dissuadido pelas ações repreensíveis daqueles que procuram espalhar o ódio. Como minha mãe me mandou hoje, “eles estão tentando te assustar”. Isso não vai me quebrar. Eu não vou desistir nem vou recuar. Vou continuar orgulhosamente defendendo o que acredito”, afirmou Bubba Wallace.
O episódio levou à abertura de uma investigação pelo FBI, a pedido da Nascar. É importante destacar que o local onde a corda foi colocada somente poderia ser acessado por pessoas que trabalham na Nascar e estão envolvidas com as corridas.
“No final da tarde, a NASCAR foi informada de que uma corda com laço foi encontrado na garagem da equipe 43. Estamos angustiados e indignados e não podemos afirmar com força suficiente o quão seriamente levamos esse ato hediondo. Iniciamos uma investigação imediata e faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para identificar a pessoa responsável e eliminá-la do esporte. Não há lugar para o racismo na Nascar, e esse ato apenas fortalece nossa decisão de tornar o esporte aberto e acolhedor a todos”, disse a Nascar em comunicado oficial.
O governador do Alabama, onde Bubba Wallace nasceu, também manifestou repúdio ao ato racista. “Estou chocado ao ouvir sobre o ato vil de ontem contra Bubba Wallace em Talladega. Não há espaço para essa demonstração repugnante de ódio em nosso estado. Racismo e ameaças desta natureza não serão perdoados ou tolerados, e eu me comprometo a auxiliar de todas as formas possíveis de modo a garantir que a pessoa responsável por isso seja pega e punida”, afirmou Kay Ivey.
Manifestações de apoio a Bubba Wallace
Enquanto Bubba Wallace liderou um movimento contra o racismo na Nascar depois da morte de George Floyd, diversos esportistas, como LeBron James e Lewis Hamilton, manifestaram apoio ao piloto.
Na Nascar, pilotos e mecânicos das equipes da categoria escoltaram o carro de Bubba Wallace para a frente do grid antes da corrida no Circuito de Talladega, onde foi encontrada uma forca em sua garagem.
We are one family.
One NASCAR. pic.twitter.com/Y1IRI5qpRe
— NASCAR (@NASCAR) June 22, 2020
Dono da equipe de Bubba Wallace, Richard Petty é sete vezes campeão da Nascar e um dos maiores pilotos da história da categoria — para muitos, o maior de todos os tempos.
Petty também manifestou seu apoio a Bubba Wallace. “Estou furioso com o ato de alguém por uma corda de forca na garagem da minha equipe. Não há absolutamente nenhum espaço no nosso esporte e na nossa sociedade para o racismo. Esse ato sujo nos serve como lembrete do quão longe ainda temos que ir para erradicar o preconceito racial e isso me estimula a utilizar os recursos da Richard Petty Motorsports para criar mudanças”, disse.
“Essa pessoa doente que perpetrou este ato deve ser encontrada, exposta e rapidamente e imediatamente expelida da Nascar. Eu acredito do fundo do meu coração que esse ato desprezível não representa os competidores que vejo a cada dia nas garagens da Nascar”, complementou.
Conclusão da investigação do FBI sobre ato contra Bubba Wallace
Apesar das manifestações de apoio ao piloto, a investigação do FBI concluiu que Bubba Wallace não foi alvo de uma ameaça de morte. Segundo as autoridades, o laço encontrado no estacionamento da garagem de Wallace, inicialmente interpretado como uma alusão ao enforcamento, já estava lá desde 2019.
“Na segunda-feira, 15 agentes especiais do FBI conduziram várias entrevistas sobre o incidente no Talladega Superspeedway. Após uma revisão completa dos fatos e evidências relacionados a este evento, concluímos que nenhum crime federal foi cometido”, afirmaram o procurador dos EUA Jay E. Town e o agente especial do FBI Johnnie Sharp em uma declaração conjunta.
O FBI esclareceu que a corda estava naquela garagem antes de saberem que Bubba Wallace estaria lá. Um vídeo, autenticado pela Nascar, mostrou que o laço já estava presente desde outubro de 2019, conforme os investigadores.
Após a conclusão da investigação, Bubba Wallace concedeu entrevistas aos principais veículos de imprensa dos Estados Unidos e expressou alívio. “Quero dizer que estou aliviado que as investigações mostraram que não era tão assustador quanto parecia. Quero agradecer à Nascar, à minha equipe e ao FBI por agirem rapidamente e tratarem o assunto com a seriedade que merece”, comentou.
Bubba Wallace reafirmou seu compromisso de continuar na luta contra o racismo no automobilismo. Vale destacar que ele é o único piloto negro da Nascar, enquanto Lewis Hamilton é o único negro na Fórmula 1. Ambos estão empenhados em tornar os esportes a motor mais inclusivos.
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*Última atualização em 1º de julho de 2020
Gustavo Andrade é jornalista, com MBAs em Comunicação e Marketing Digital e Gestão de Negócios. Foi repórter do UOL Esporte e do Superesportes, portal dos Diários Associados. Cobriu a Copa das Confederações de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Fanático por esportes, acredita que informação é fundamental até para um bom debate de boteco!