A história dos Jogos Olimpícos é longa e possui vários personagens interessantes. Um deles é o primeiro vencedor da maratona nas Olimpíadas: Spiridon Louis. O primeiro Jogos Olímpicos da Era Moderna aconteceu em Atenas 1896.

Criada com base na lenda de Fidípides, a maratona teve a sua primeira disputa logo na estreia das Olimpíadas. Desde então, não saiu mais do programa olímpico.

O primeiro vencedor, é claro, fez história, mas vivia uma vida simples na Grécia. Vamos conhecer mais sobre Spiridon Louis.

História de Spiridon Louis

Nascido em Marousi, que hoje é apenas um subúrbio em Atenas, Spiridon não tinha uma família rica. Seu pai vendia água mineral, naquela época, a capital não possuia uma central de abastecimento.

Para ajudar a família, Louis carregava água, mas também pastoreava ovelhas nos campos da cidade. Além disso, Spiridon também foi soldado, entre 1893 e 1895, e seu ex-comandante foi quem o encorajou a disputar os Jogos Olímpicos.

Antes da disputa da maratona nas Olimpíadas, houve uma qualificação. Os gregos estavam animados com o novo evento e houve a decisão de fazer uma prova anterior, para aqueles que quisessem correr nos Jogos Olímpicos.

Papadiamantopoulos, coronel do exército, era o responsável por organizar essas provas. Ele também foi comandante de Spiridon, na época em que esteve no serviço militar. Louis decidiu seguir o conselho e terminou em 5º na segunda corrida classificatória.

Na primeira maratona nas Olimpíadas da história, duas semanas antes, o vencedor foi Charilaos Vasilakos, que correu o percurso em 3 horas e 18 minutos. Tanto Louis quanto Vasilakos estiveram no pódio nas Olimpíadas.

Primeira maratona nas Olimpíadas

undefined
Estádio onde teve o ponto de chegada da Maratona nas Olimpíadas de 1896

Apesar de não ser a primeira maratona da história, a primeira maratona nas Olimpíadas é a mais lembrada. Ela aconteceu no dia 10 de abril, uma semana depois da seletiva em que Spiridon havia corrido.

Havia uma expectativa nas provas de atletismo. Como os Jogos Olímpicos modernos são baseados no torneio da Antiguidade, os gregos esperavam um maior sucesso nas provas.

No lançamento de disco, que é uma modalidade presente no passado e com grande história na Grécia, teve a vitória de um atleta dos Estados Unidos. Já decepcionados com as corridas, a nova derrota foi ainda mais sentida.

Mas ainda havia a esperança na maratona, que tinha uma distância de 40 km na primeira edição. Sendo disputada por 17 maratonistas, 13 eram gregos e só quatro eram de outros países.

Spiridon Louis venceu a prova, passando pela linha de chegada após 2h58m50s. Ele ainda teria parado para beber um gole de vinho. Seu neto, no entanto, afirma que a parada foi por uma laranja, dada por sua namorada, e um gole de conhaque, dado pelo futuro sogro.

A saída foi da cidade de Maratona e a chegada era no Estádio Panatenaico, em Atenas. Com o local lotado e sob gritos de “Hellene”, “grego” em português, Spiridon entrou no estádio e foi acompanhado por Constantino e George, dois príncipes, que o serviam vinho, água, leite, entre outras coisas.

Spiridon Louis: herói nacional

Spiridon Louis
Spiridon (de branco), desfilando com a bandeira da Grécia. COI

Com um campeão olímpico grego, a sociedade tratou Spiridon como um herói. Chegando em 1º lugar, Louis foi carregado, abraçado e beijado por diversas pessoas do comitê grego.

O Rei Jorge chegou a oferecer um presente para Spiridon: o que ele quisesse, seria realizado. Mas, cansado, o maratonista só pediu para que uma carruagem o levasse de volta para a sua casa, em Marousi.

Louis passou o resto de sua vida recebendo presentes do povo. Na região onde morava, tinha até ofertas para ter a barba feita pelo resto de sua vida. Além disso, chegou a receber joias de outras pessoas.

No entanto, Spiridon resolveu ter uma vida mais calma. Sem nunca mais correr, foi fazendeiro e, mais tarde, um oficial de polícia. Sua última aparição pública foi em 1936, nas Olimpíadas de Berlim, com 63 anos.

O grego foi um convidado de honra e carregou a bandeira da Grécia no tradicional desfile das delegações durante a aberta dos Jogos. Spiridon entregou um ramo de oliveira para Adolf Hitler, como um símbolo da paz.

Depois de sua morte, em 1940, 13 meses antes da invasão nazista em seu país, seu nome começou a ser usado em diversos clubes esportivos da Grécia. O Estádio Olímpico de Atenas também o homenageia e foi onde aconteceu a Olimpíada de 2004.

Troféu de prata

undefined
Taça entregue ao vencedor da primeira maratona nas Olimpíadas

Com a vitória de Spiridon Louis, o grego também recebeu um troféu de prata de 15 cm de altura. Foi entregue pelo próprio Rei Jorge I, em 1896, e permaneceu em sua família por mais de um século.

No entanto, seu neto, também chamado de Spiridon Louis, decidiu colocar o objeto à venda em leilão. Com dois filhos, Louis não sabia com quem deixar a peça e escolheu usar o dinheiro arrecadado para dividir entre ambos.

Houve uma grande comoção para que o troféu permanecesse na Grécia. Voula Patoulidou, primeira campeã olímpica grega no atletismo, chegou a liderar uma campanha para isso.

Mas quem comprou foi Starvros Spyros Niarchos, através de sua fundação. Também grego, o magnata mantém a pela em Atenas, com a ideia de ser exposta em um centro cultural.

Agora que sabe mais sobre o primeiro vencedor da maratona nas Olimpíadas, conheça mais sobre as Olimpíadas: